Filosofia
 
“É Justo dizer que a filosofia é a ciência da Verdade” (Aristóteles)
 
 
I – Introdução
 
 
1 - Qual o significado da palavra Filosofia (Φιλοσοφία)?
 
Φιλο (Philo) – Amor
Σοφία (Sophia) – Sabedoria
 
O Filosofo é o Amante da Sabedoria
 
Essa palavra teria tido sua primeira menção feita por Pitágoras:
 
“Amor pela Sabedoria, experimentado pelo ser Humano Consciente de sua própria ignorância” (Pitágoras)
 
 
2 - O que é filosofia?
 
Filosofia é a ciência que visa conhecer a natureza profunda das coisas, suas causas supremas e seus fins derradeiros. A arte do questionamento ou da ação que leva a questionamentos. Tem como grande objetivo desmascarar o conhecimento Mitológico e ultrapassar o conhecimento gerado pela experiência e pela razão.
 
Existem vários tipos de conhecimento, dentre eles:
 
- O Mitológico
- O Empírico 
- O Cientifico 
- O Filosófico
 
"Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existencia"  (Schopenhauer)
 
 
3 - Tipos de conhecimento
 
“Conhecer é compreender qualquer coisa no melhor de nossos interesses” (Nietzsche)
 
 
A)Conhecimento Mitológico
 
“Os homens fizeram um amuleto como desculpa por sua própria ignorância” 
 
Conjunto de conhecimentos baseado em narrativas fantásticas e simbólicas, a maioria de fundo religioso (deuses) ou ideológico (heróis), baseados na tradição popular. Os personagens dessas narrativas, chamadas de mitos (do grego Fabulas), eram deuses, semideuses e seres super-humanos que se envolviam em circunstancias extraordinárias em um tempo não identificado. Na Grécia Antiga essas narrativas mitológicas surgiram para explicar a origem humana e os fenômenos sobrenaturais, e ainda para justificar as instituições políticas e sociais.
 
 
 
B)Conhecimento Empírico
 
São conhecimentos gerados pelos sentidos, pelo que é visto, ouvido, sentido, tocado, cheirado, degustado.
 
Ex: A criança que põe a mão no fogo. 
Aprender a brigar apanhando 
Ficar alerta ao cheiro de Fumaça 
O camponês que olha para as nuvens e é capaz de dizer se vai chover ou não 
A predisposição de Crianças por coisas menos amargas ou acidas. A preferencia por sabores Doces.
 
“Há duas espécie de conhecimento, um genuíno, outro obscuro. Ao conhecimento obscuro pertencem vista, audição, olfato, paladar e tato. O genuíno, porem, está separado daquele. Quando o obscuro não pode ver, nem ouvir, nem sentir, cheiro e sabor, mas, é preciso uma procura apurada, então se apresenta o genuíno, que possui um órgão de conhecimento mais fino.” (Demócrito)
 
 
C)Conhecimento Cientifico
 
Certos, gerais e metódicos, isto é, verdades validas para todos os casos, em todos os tempos e lugares ligados entre si por causas e princípios. 
 
Ex: Física, Química, Matemática.... 
 
Henning Brand era um alquimista que era obcecado pela ideia de transformar qualquer coisa em ouro. Percebendo que a cor da urina era muito semelhante a cor do ouro ele encheu um balde de urina deixou alguns dias guardado para ver se endurecia. Essa experiência nojenta num liquido cheio de placas brancas. Após algumas experiências com o material branco encontrado ele descobriu que o mesmo pegava fogo em contato com o ar. A descoberta foi chamada de “Fosforo” (do latim phosphurus e quer dizer “que traz luz”). O processo usado por Henning se utilizava de mil litros de urina para a fabricação de 60 gramas de fosforo. O fosforo era tão raro que valia seu peso em ouro e até o século XVIII a urina era o único meio de extrai-lo conhecido. Foi quando o Sueco Carl Scheele descobriu como extrair da cinza de ossos.
 
 
D)Conhecimento Filosófico
 
É Um conhecimento Instituinte, isto é, tem a finalidade de questionar o saber instituído. É Sobre tudo uma atitude, um pensar permanente.
 
“Não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar” (Kant)
 
“A filosofia não é a verdade, mas a busca dela.” (Platão)
 
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32)
 
 
4 - Para que serve a Filosofia?
 
Serve para corrigir os 3 maiores defeitos do conhecimento humano:
- O Convencimento (Convenções) 
- A Incerteza (Duvidas)
- A Contradição (Erro)
 
“Achar que o mundo não tem um Criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia.” (Benjamin Franklin)
 
"Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse" (Nietzsche)
 
 
A)Conhecimento Convencido
 
“Convencer é triunfar sobre um adversário, é uma coerção exercida por uma inteligência sobre a outra” (Goblot)
 
O fanático é o maior exemplo do convencido. Pensa arrogantemente possuir a verdade, pensando assim não se esforça em pesquisar mais nada. E ainda vive tentando convencer os outros. 
 
O conhecimento convencido é aquele que não aceita 5 minutos de bom questionamento, pois, por não pesquisar nada acaba por não ter fortes bases, normalmente são pessoas que desprezam a busca pela verdade, ensinando sofismas impostos a nós sem que nós ao menos percebamos.
 
Já a filosofia e a busca constante da verdade sabendo que jamais vai possui-la por completo, pois isso implicaria no fim da busca. A filosofia é Humilde.
 
“Só sei que nada sei” (Sócrates)
 
“A medicina cura as doenças do corpo, a Sabedoria livra a alma das paixões” (Demócrito)
 
No século XIX, o escocês James Young Simpson foi um dos primeiros médicos a usar o gás Clorofórmio para fazer um parto. Os cristãos fanáticos, que acreditavam que as dores do parto eram uma ordem de Deus, proibiram o uso de anestesia nos partos de suas mulheres.
 
“Quem adverte aquele que pensa ser inteligente trabalha em vão” (Demócrito)
 
"Não me envergonho de Mudar de Ideia porque não me envergonho de Pensar" (Freud)
 
“Eu não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dize-las” (Voltaire)
 
 
O que é um sofisma?
 
“Tudo que engana pode ser dito para encantar” (Platão)
 
É uma mentira que se aparenta com a verdade. Mas nunca se esqueça de que para isso é necessário buscar conhecimento, pois se não quem é convencido é você. 
 
“Palavras falsas não são apenas más em si mesmas, elas infectam a alma com o Mal” (Platão)
 
Por possuírem uma cultura, religião e costumes próprios, mantidos onde quer que estejam, sendo um estrangeiro onde quer que vão, os judeu sempre foram um povo que sofreu perseguições. Durante o século XIV 75 milhões de europeus morreram da Peste Negra (Peste Bubônica), 1/3 de toda população da Europa. O transmissor principal da peste eram as pulgas, elas mordiam os ratos infectados pela bactéria causadora da doença, tornando-se portadores da doença e mordendo os humanos (cães e gatos também pegam a doença) contagiando-os com a mesma. O contato direto com o rato, suas fezes, ou o espirro dos infectados também transmite a doença.
 
Mas o grande Vilão mesmo era a falta de higiene. O Europeu tinha o habito de tomar banho uma vez ao ano, quando tomavam. Por exemplo: O Rei francês Luis XIV tomou seu primeiro, e um dos únicos banhos aos 7 anos de idade. Essa sujeira e falta de higiene facilitaram o contato com os agentes transmissores, as pulgas.
 
Os judeus, por outro lado, que levavam o Torah e o Talmude a sério, foram ensinados a lavar mãos, pés e rosto antes de cada refeição e de que tinham que tomar banho pelo menos uma vez por semana. Esse cuidado que a religião enraizou em sua cultura os mantiveram mais protegidos da doença. Os cristãos viram que os judeus quase não contraiam a doença e, em vez de concluir que os judeus sabiam como evitar a doença, concluíram que os judeus causaram a doença.
 
Ondas antissemitas foram renovadas com isso, sendo percussoras da Inquisição.
Um sofisma drasticamente comum a este período era quanto ao uso de azeite de oliva na cozinha. As pessoas dessa época, assim como até pouco tempo, cozinhavam apenas com banha de porco. Como os judeus não comem porco, em nenhuma forma, eles tinham o habito de cozinhar com azeite de oliva. E, qualquer um que fosse pego cozinhando com azeite de oliva, sendo judeu ou não, podia parar na fogueira como herege.
 
O Judeu cozinha com Azeite – O Padre cozinha com Azeite = O Padre é Judeu
 
 
Superstições:
 
Crenças contrarias ao fator racional enraizadas no amago cultural de um indivíduo ou povo.
 
GARFO: O garfo chegou na Europa, em Veneza, em meados do século XI. A princesa Teodora, filha de Constantino VIII Imperador do Oriente, que veio de Constantinopla para casar com o Doge de Veneza Domenico Selvo trouxe um garfo de ouro com dois dentes, como o qual comia frutas cristalizadas. Apesar de em pouco tempo ele já ser de uso geral em toda Veneza demorou 4 séculos para ele vencer os obstáculos da superstição por toda Europa. Além do garfo ser uma representação do tridente de Netuno, não demorou muito para ser associado ao próprio diabo (forcado do diabo). “Deus, em sua sabedoria, deu ao homem garfos naturais – seus dedos. Assim, e um insulto a Ele substitui-lo por um de metal”, escreveu um padre italiano no século XI. 
No Brasil as que mais resistiram ao uso do garfo foram as mulheres. Para não serem obrigadas a comer de garfo muitas passaram a comer na cozinha junto aos empregados e as crianças.
 
 
VIUVEZ: A viuvez é um tabu em diversas regiões e religiões, porém, entre os hindus, era algo considerado impuro e vergonhoso. Eles possuem um costume chamado de Sati onde a viúva era queimada na fogueira junto ao cadáver do marido. O historiador Aristóbulo de Cassandréia que acompanhou Alexandre, O Grande em sua épica viagem à Índia já descreveu um sati presenciado pelas tropas gregas na cidade de Taxila, uma localidade histórica atualmente pertencente ao território paquistanês. Os fora contada aos gregos que a pratica do sati fora criado para acabar com a pratica comum na índia antiga das esposas envenenarem os próprios maridos.
 
Narrativas descrevem com frequência a viúva ser assentada sobre a fogueira apagada e impedir uma fuga após o fogo ser aceso. Falam sobre mulheres drogadas com ópio. Descrevem homens usando varas compridas para impedir que a mulher fugisse das chamas. Muitas vezes a viúva era forçada pelos próprios filhos.
 
Os mulçumanos consideravam o sati uma pratica barbara e, com o estabelecimento do islã em parte da Índia, surgiram os primeiros esforços governamentais para deter a prática. A religião Sikh expressamente proíbe a prática desde a origem do Sikhismo. 
 
O número total de ocorrências conhecidas para o período 1813-1828 é 8,135. Em 1820 o Império Britânico, por meio da Companhia das Índias Orientais, anexou a maior parte do território indiano e, em 1829 conclamou legalmente o banimento da pratica do sati. Apesar de ilegal a pratica continua sendo realizada havendo registro da mesma até o ano de 2006.
 
 
GATO: Matar um Gato da sete anos de Azar; Solteiro que pisa no rabo do Gato não casa nos próximos 12 meses; Gato transmite asma e coqueluche (sendo que comer o Gato que a transmitiu cura a mesmo); Gato preto e azar ou sorte; Gato de casa protege do mal, Gato de fora dentro de casa atrai o mal.
 
No Egito o Gato era a forma física da deusa Bastet, ligada a fertilidade, aos eclipses e gravides. A fome e a infertilidade das mulheres eram o que causava ofender essa divindade. Por isso, no Egito, aquele que matasse um Gato, mesmo sem querer, era condenado a morte.
 
O Egito sempre foi um local desejado pelos persas, principalmente nos tempos do rei Ciro, porém Ciro nunca conseguiu dominar os egípcios, coube a Cambises, seu filho conquistá-lo. Foi na cidade de Pelusa no Egito que tudo se decidiu, e com a grande audácia de Cambises, a batalha foi um verdadeiro massacre para os egípcios. Durante a batalha os egípcios estavam com medo de golpear os persas que carregavam os escudos com a imagem de Bastet. O Medo causou mais de cinqüenta mil egípcios mortos, enquanto os persas só perderam 7 mil. 
 
Os egípcios sobreviventes recuaram e conseguiram alcançar a fortaleza de Pelusa, e foi neste momento em que Cambises, soltou em direção aos egípcios uma quantidade enorme de gatos; ao verem um verdadeiro “exercito” de gatos na ofensiva, os egípcios não atiraram suas flechas com medo de ferir os animais, e assim Pelusa foi tomada. Depois da batalha, Cambises para demostrar sua superioridade aos egípcios, ele mesmo carregou gaiolas com gatos e as lançou na cara dos conquistados. Os egípcios desmoralizados e conquistados por causa de sua própria superstição. 
 
 
“Existem duas espécies de certeza:
A certeza Moral, isto é a suficiente para regular nossos costumes.
A outra é espécie de certeza é quando pensamos que não é absolutamente possível que as coisas possam ser diferentes do que pensamos” (Descartes)
 
"Quanto maior o conhecimento, menor o ego, quanto maior o ego, menor o conhecimento" (Albert Einstein)
 
 
B)Conhecimento Incerto
 
As duvidas são outra Falha grande no nosso conhecimento.
 
“O homem surgiu do barro?” 
 
Do pó se faz o barro, o homem veio do pó, então o homem veio do barro – Sofisma
 
“Eu Jamais Iria Para fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porem, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião” (Nietzsche)
 
 
O Problema da Virgula
 
Não existe virgula no hebraico original e por isso a interpretação pode ser muito problemática.
 
“Em verdade vos digo hoje, estarás comigo no paraíso.” (Lc 23:43)
 
ou
 
“Em verdade vos digo, hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43)
 
 
Pode mudar uma opinião:
 
“Não queremos saber.”   ou   “Não, queremos saber.”
 
 
Exemplo 2:
 
Se o HOMEM soubesse o valor que tem, a mulher andaria com desespero a sua procura.
 
Se o homem soubesse o valor que tem a MULHER, andaria com desespero a sua procura.
 
"Para nos tornarmos tolerantes com opiniões contrárias às nossas, basta lembrar que nós mesmos ja mudamos de opinião várias vezes" (Schopenhauer)
 
 
C)Conhecimento Contraditório
 
Divergência entre afirmações, palavras e atos, atuais e anteriores.
 
“O contrario da verdade é a falsidade; Quando esta é tida por verdade chamamos erro” (Kant)
 
 
Podemos matar?
 
Êx 20:13 - Não matarás
 
Êx 32:27 - Disse-lhes então: "Assim falou o Senhor, Deus de Israel: - Cinja cada um a espada ao seu lado, passai e repassai pelo acampamento, de porta em porta, e cada um mate inclusive o seu próprio irmão, o seu amigo e o seu parente." (1Sam 6:19; 15:2,3, Num 15:36)
 
 
Ciúmes
 
Êx 20:5 - "... pois eu, o Senhor, teu Deus, sou um Deus ciumento..." (Êx 34:14, Dt 4:24, Jos 24:19 e Na 1:2)
 
Gl 5:19,20 - "Ora, as obras da carne são bem conhecidas: ...ciúmes..." (2Cor 12:20)
 
 
 
O Mal
 
IS 45:7 -  Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas. 
 
SL 34:16 -  A face do SENHOR está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.
 
DN 9:14 -  Por isso o SENHOR vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz. 
 
 
Devemos fazer imagens esculpidas?
 
Êx 20:4 - Não farás para ti escultura, nem imagem alguma daquilo que existe no alto, no céu, ou aqui em baixo, na terra, ou daquilo que existe debaixo da terra, nas águas. (Lev 26:1)
 
Êx 25:18 Farás dois querubins de ouro, trabalhados a martelo, nas duas extremidades do propiciatório
 
Nm 21:8 O Senhor disse a Moisés: "Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste; quem for mordido e olhar para ela viverá".
 
 
Somos "salvos" pelas obras?
 
Éf 2:8,9 - De fato, é pela sua graça que fostes salvos mediante a fé...não pelas vossas obras... (Rm 3:20,28, Gál 2:16)
 
Tg 2:24 - Vede, pois, como é pelas obras que o homem é justificado, e não pela fé somente. (Mt 19:16-21)
 
 
Boas ações devem ser vistas?
 
Mt 5:16 - Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, a fim de que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus. (1Pdr 2:12)
 
Mt 6:1-4 - Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens, para serdes admirados por eles...de sorte que tua ajuda fique em secreto... (Mt 23:5)
 
 
Podemos xingar as pessoas?
 
Mt 5:22 - ...E quem lhe chamar de "imbecil" será submetido ao fogo da geena.
 
Mt 23:17 - (Jesus disse) Seus imbecis e cegos.
 
 
Deus muda de idéia?
 
Ml 3:6 - Enquanto eu sou sempre o Senhor eu não mudo. Núm 23:19 - Deus não é homem, que possa mentir; não é filho do homem, para que se arrependa. (Ez 24:14, Tg 1:17)
 
Êx 32:14 - E o senhor se arrependeu do mal que pensara fazer ao povo de Israel. (Gên 6:6, Jon 3:10, 1Sam 2:30,31, 2Rs 20:1-6, Núm 16:20-25) 
 
 
Quem incitou Davi a Fazer o censo?
 
Satã provocou Davi a fazer um censo de Israel (I Crônicas 21:1).
 
Deus sugeriu Davi a fazer um censo de Israel (II Samuel 24:1).
 
 
Erros de Escrita
 
Davi tomou 1.700 cavaleiros de Adadezer (II Samuel 8:4).
Davi tomou 7.000 cavaleiros de Adadezer (I Crônicas 18:4).
 
Davi matou aos arameus 700 parelhas de cavalos e 40.000 cavaleiros (II Samuel 10:18).
Davi matou aos arameus 7.000 cavalos e 40.000 empregados (I Crônicas 19:18).
 
Israel dispõe de 800.000 homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 500.000 homens (IISm 24:9).
Israel dispõe de 1.100.000 homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 470.000 homens (ICr 21:5).
 
Davi pagou 50 siclos de prata por gados e pelo terreno (II Samuel 24:24).
Davi pagou 600 siclos de ouro pelo mesmo terreno (I Crônicas 21:25).
 
Foram levados 5 homens dentre os mais íntimos do rei (II Reis 25:19-20).
Foram levados 7 homens dentre os mais íntimos do rei (Jeremias 52:25-26).
 
São citados os nomes de 10 pessoas que vieram com Zorobabel (Esdras 2:2)
São citados os nomes de 11 pessoas que vieram com Zorobabel (Neemias 7:7)
 
"Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram" (Voltaire)
 
 
5 – Divisão Histórica da Filosofia Ocidental
 
 
A)Pré Socráticos 
 
Pensamento Cientifico, Naturalista, Cosmológicos Astronômico, Geográfico e Sistemático. O interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza.
 
 
B)Socráticos 
 
Pensamento Sistemático (Ceticistas e Realistas) ou Antropológicos (Humanistas). O período mais importante da história do pensamento grego, (Sócrates, Platão, Aristóteles), em que o interesse pela natureza é integrado com o interesse pelo espírito.
 
 
C)Pós Socráticos ou Escolas Helenísticas
 
Pensamento Ético e Moral. O interesse filosófico é voltado aos problemas morais, decaindo entretanto para a metafísica.
 
 
D)Medievais 
 
Pensamento Religioso. O interesse filosófico é voltado à religião. É o ressurgimento de Platão e Aristóteles, mentores da filosofia Medieval.
 
 
E)Modernos
 
Pensamento Renascentista, Existencialista, Empirista, Metafisico, Político, Cientifico, Racionalista, Humanista e Teológico. O interesse filosófico é voltado à política, ciência e a religião. Busca, nos outros períodos da historia filosófica, bases para seus estudos.
 
 
F)Contemporâneos
 
Campos filosóficos abordados: Romantismo, Idealismo, Materialismo, Positivismo, Cientifico, Pragmatismo, Existencialismo e Niilismo. O interesse filosófico é voltado à superação do Iluminismo.
 
 
II –  Pré Socráticos (VII a.C. – V a.C.)
 
Surge nas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional (Sicília), favorecido sem duvida na sua obra critica e especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico. Os filósofos desse período preocupam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Esse período inaugura uma nova mentalidade baseada na razão, e não mais no sobrenatural ou na tradição mítica (mitologia).
 
 
 
Escola de Mileto (ou Jônica)
 
As civilizações anteriores a eles se valiam da religião para explicar os fenômenos do mundo ao seu redor. Os físicos da Jônia (colônia grega da Ásia Menor), como Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, surgiram na tentativa de encontrar explicações naturais e racionais. 
 
As Bases de seus ensinos eram:
- Que Havia uma natureza comum a todas as coisas
- Tudo estava em eterno movimento. - “Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio” (Heráclito)
- Afirmavam que a terra era plana e discoidal
 
 
 
1 - Tales de Mileto (624 a.C.-546 a.C.)
 
Conhecido como “Pai da Ciência” ou “Pai da Física”, pois seu método de analise e observação da natureza o levaram a criar o ramo filosófico conhecido como Physis (Física). Ele era também Astrônomo, Geômetra, Politico, Comerciante e Filosofo. 
 
De ascendência fenícia, era natural de Mileto, na costa sul da Turquia, cidade famosa pelo florescente comércio marítimo. Nenhum dos seus escritos chegou a nós, porem ele é citado por outros filósofos como Aristóteles e Diógenes. Esteve no Egito onde calculou o tamanho das Pirâmides valendo-se do recurso preciso de esperar o momento em que sua sombra ficou igual à sua altura, e então mediu com passos a sombra projetada.
 
 
Tales era profundo conhecedor de meteorologia, ciência que havia estudado por longos anos, recolhendo dados sobre mudanças de tempo. Tendo observado cuidadosamente como as estações influenciavam as safras, e não os deuses, em certo ano (segundo conta Aristóteles), prevendo uma excepcional colheita das oliveiras, comprou todas as moendas de azeitona de uma região, obtendo grandes lucros ao aluga-las. Fez isso não só por dinheiro, mas para mostrar que a mente do homem de Ciência pode servir também para a solução de problemas práticos.
 
Em 582 a.C., o Oráculo de Delfos proclamou-o o primeiro dos sete sábios da antiguidade. Isso significava que suas descobertas eram conhecidas, discutidas e aprovadas pelos sábios do mundo grego.
 
Seu feito isolado mais famoso foi a predição do eclipse que ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C. 
Mediante observações que se estendiam a muitos séculos, os babilônios tinham verificado que os eclipses se repetiam num ciclos de 223 meses lunares, o chamado Ciclo de Saros. O ciclo se estende precisamente por um período de 18 anos, e houve um eclipse do sol no Egito em 603 a.C. Tendo visto esse eclipse no Egito e, conhecendo o ciclo de Saros, Tales pode facilmente prever a data do Eclipse de 585 a.C.
 
Para ter uma noção, nesta mesma data, os exércitos dos lídios e dos medos estavam frente a frente prontos para entrar em combate. Diante do eclipse o terror e a superstição fizeram ambos os exércitos ficarem tão temerosos sobre a vontade dos deuses que suspenderam o combate e fizeram a paz
 
Tales revolucionou a forma de pensar, ele depositou sua confiança na uniformidade da natureza, baseada em suas observações e na de outros, analisando padrões e não confiando na caprichosa vontade dos deuses, surgindo assim o pensamento cientifico. Em suas observações astronômicas Tales foi capaz também de calcular a extensão de espera entre os solstícios de inverno e Verão.
 
Apoiando-se em textos Babilônicos e Egípcios que afirmavam a existência de uma imensidão de aguas anteriores a emersão de qualquer massa de terra e observando que a terra chega a seu fim a beira da agua, concluiu que a Agua fosse a matéria-prima do cosmo.
 
 
 
Afirmava também que a massa de terra era um disco flutuando sobre a massa de agua e que os terremotos eram causados pela movimentação dessa massa de agua. A originalidade de Tales consiste em livrar a primazia da agua de todo caráter mitológico, e em usa-lo para proporcionar explicações racionais para eventos naturais.
 
 
 
 
2 - Anaximandro de Mileto (610 a.C.-546 a.C.)
 
“O principio dos seres é o ilimitado... este é sem idade e sem velhice... Imortal... e imperecível”
 
Concidadão, discípulo e sucessor de Tales, Geógrafo, Matemático, Astrônomo, Político e construtor de Gnômons (Relógios Solares). Na politica foi ainda mais ativo do que Tales, tendo sido comandante da colonização de Apolônia, promovida pela cidade de Mileto. Escreveu um livro intitulado Sobre a Natureza, conhecido pelos gregos como a primeira obra filosófica no seu idioma (jônico). Infelizmente o livro se perdeu.
 
Como Tales, julgava que havia uma única substancia básica, porem, afirmava que o principio de todas as coisas não seria nenhum dos elementos básicos (Agua, Terra, Fogo e Ar), mas devia ser infinita e eterna e a chamou de Apeíron (sem limites).
 
Prevendo um terremoto em Lacedemônia, aconselhar o exército espartano a abandonar a cidade. Lacedemônia acabou sendo completamente destruída pelo terremoto.
 
Discordava de seu mestre sobre a Terra ser sustentada pelo Mar. Declarou que a Terra era envolvida pelo mar (e não sustentada por ele) e pairava no espaço. 
 
“A Terra paira no ar, sem ser sustentada por nada, mas permanecendo em sua posição por esta equidistante de tudo”
 
Não chegou a acreditar que fosse uma esfera, mas que fosse um cilindro e sua profundidade seria equivalente a um terço de seu diâmetro. Foi o primeiro a construir um mapa da terra habitada, que foi aperfeiçoada posteriormente por Hecateo de Mileto. Seu mapa-múndi foi um desenho circular, em que as regiões conhecidas (Ásia, Europa e Líbia) formavam segmentos aproximadamente iguais e todo ele rodeado pelo oceano. Os conhecimentos geográficos de Anaximandro se baseavam nas notícias de navegantes que seriam abundantes e variadas em Mileto, centro comercial e de colonização.
 
 
 
 
3 - Anaximenes de Mileto (585 a.C.-528 a.C.)
 
“O contraído e condensado da matéria é frio, e o ralo e frouxo é quente... Como nossa alma, sendo ar, mantém nosso corpo unido, o sopro e o ar circundam todo cosmo.”
 
Anaxímenes de Mileto, filho de Eurístrato, foi discípulo de Anaximandro. Nasceu quando Anaximandro tinha 25 anos, possivelmente no ano 585 a.e.c., no mesmo ano do eclipse predito por Tales. Anaxímenes nasceu, quando Mileto ainda era florescente cidade independente e liderava as cidades da confederação jônica.
 
Os antigos consideravam Anaxímenes a figura principal da escola de Mileto. A influência de Anaxímenes ocorreu sobre os mais diversos filósofos, como, por exemplo, Pitágoras, Melisso, Anaxágoras, Demócrito, Diógenes de Apolônia.
 
Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe a Luz do Sol. Acreditava que o Ar era a substancia fundamental do cosmo. Sendo considerado o Ar infinito como o apeirom de Anaximandro, porém, determinado como a agua de Tales. Uma síntese conciliatória das doutrinas de Tales e Anaximandro.
 
 
Entre as características que o levaram a escolher o Ar como substancia fundamental estão: 
- Ser invisível, porém, definido.
- Ser infinito.
- Ser Onipresente.
- Ser Ativo (Empurra barcos, movimenta ondas...)
- Ser essencial para a vida.
 
“Anaxímenes afirma que somente a natureza é ilimitada, não porem indefinida (Apeirom), mas definida, dizendo que ela é ar. Diferencia-se nas substancias, por rarefação e condensação. Rarefazendo-se torna-se fogo; condensando-se, vento, depois nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedra, e as demais coisas provem destas.” (Simplicio)
 
 
 
Escola Pitagórico (Escola de Crotona)
 
Os Pitagórico representam a 1ª tentativa de explicar as coisas inteligíveis. 
 
As Bases de seus ensinos eram:
- Que os números regem o universo; 
- A natureza do som é função do comprimento da corda que vibra
- Geômetras que ensinaram a assimilação simbólica dos quatro sólidos regulares (Tetraedro, Cubo, Octaedro o Icosaedro)
- Os quatro elementos do Universo físico: Terra, ar, fogo ou água. 
- A Criação dos primeiros conceitos Aritméticos e geométricos; 
- Importantes teoremas sobre os triângulos, quadriláteros e polígonos.
- Por fim a ideia de uma terra plana e discoidal (ensinada pela Escola de Mileto), reconhecendo a esfericidade da Terra – noção posteriormente adotada por Aristóteles e Platão e combatida por Epicuro.
 
 
 
4 - Pitágoras de Samos (570 a.C.-496 a.C.)
 
“A Razão é imortal, todo o resto é Mortal” (Pitágoras)
 
Nasceu em Samos, cidade na costa da atual Turquia e rival comercial de Mileto. Pertenceu a uma rica família de comerciantes gregos. Nesta condição pôde facilmente viajar, contatando homens de saber e mesmo aprender por obra da observação sobre os costumes e doutrinas vigentes em outras regiões, sobretudo do Oriente.
 
Foi inicialmente educado por sua irmã Temistocleia (Themistokleia), alta profetisa de Delfos, um dos mais importantes oráculos da Grécia. Em Lesbos seu tio Zojilo o recomendou a Ferécides de Siros, um importante mestre do pensamento órfico iraniano.
 
"Eduquem-se as crianças e não será preciso castigar os Homens" (Pitagoras)
 
Heráclito de Éfeso afirmou que Pitágoras era um “inquiridor assíduo”, e que escrevera “pequenos tratados”. Fora ouvinte de Anaximandro e Anaximenes, ambos da escola de Mileto. Um discípulo desta escola o persuadiu a embarcar para o Egito e ali conviver com os sacerdotes de Mênfis e Heliópolis. Pitágoras, viajou para o Egito no tempo de Polícrates e do faraó Amasis, portanto, entre 537 e 526 a.C., com uma carta de recomendação de Polícrates a Amasis. Entre outras coisas, aprendeu a língua egípcia e a se comunicar com os caldeus e os magos.
 
No Egito já se sabia que um triangulo com razão de 3:4:5 sempre possuem um ângulo reto (90°), muito útil na arquitetura. É creditado a Pitágoras a descoberta de que em TODOS os triângulos de ângulo reto “o quadrado da Hipotenusa é igual a soma do quadrado dos catetos” (Teorema de Pitágoras). Uma descoberta tão extraordinária para os pitagóricos, que a consideravam uma revelação divina. Porem, estudos recentes em plaquetas cuneiformes babilônicas mostram que esse teorema já era conhecido pelos matemáticos caldeus, muitos séculos antes de Pitágoras.
 
 
Com cerca de 40 anos deixou sua pátria e, com trezentos discípulos, fundou uma comunidade em Crotona. Esta cidade era famosa por seus atletas e médicos, Democedes, um de seus médicos mais famosos estivera em Samos, podendo este ter recomendado Crotona como um lugar conveniente para o filosofo se instalar.
 
Quando Pitágoras lá chegou, a cidade se recobrava de uma derrota infligida pela cidade vizinha de Lócris e, impressionou tanto com sua eloquência, que foi lhe confiado a tarefa de estruturar uma nova constituição, considerada “aristocrática” no bom sentido por assegurar “o governo dos melhores”. Em pouco tempo ele e seus discípulos detinham poder completo sobre a cidade, passando a receber toda a renda dos impostos para que ele os administrasse. Em 510 a.C. levou Crotona a vitória contra outra cidade vizinha e rival, Síbaris.
 
 
Os membros de sua escola eram iniciados numa mistura de ensinamentos místico-religioso e científico-racional.
 
- Cada membro era obrigado a passar um período de cinco anos de contemplação, guardando perfeito silêncio
- Acreditavam na transmigração das almas
- Seguiam regras restritas alimentares que proibiam o consumo de carne, peixe e feijão
- Viviam num tipo de sociedade socialista onde Pitágoras possuía um papel de Líder 
- Eram proibidos de registar por escrito qualquer princípio ou doutrina secreta, e, pelo que se sabe, nenhum discípulo jamais violou a regra até depois da morte de Pitágoras.
- O Estudo da musica era obrigatório, sendo encarado como purificador da alma.
- Na área medicinal preferiam o uso de emplastos e compressas em substituição a remédios.
- O Celibato era tido como algo muito importante, porem não obrigatório. 
 
Pitágoras é o primeiro a ensinar sobre a Imortalidade da Alma. Em sua Metempsicose ensina que a verdadeira substancia original é a alma imortal, que preexiste ao corpo no qual se encarna como a uma prisão, um castigo pelas culpas da existência anterior. 
 
Não se considerava um sábio (sophos) e por questão de modéstia se chamava um “amante da sabedoria” (philosophos), dando origem a termo Filosofia.
 
Como Astrônomo explicou sobre a esfericidade da Terra e o seu movimento de rotação sobre os seus eixos. Considerou as estrelas como sóis, provavelmente com planetas, criando a possibilidade de Terras iguais à nossa.
 
Pitagóricos subsequentes afirmaram tiraram tanto a Terra, como o Sol, do centro do universo, e sustentaram que ambos, junto a outros corpos celestes giravam em torno de um “fogo central”. 
 
 
No prefacial de sua obra “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, Copérnico afirma que os estudos astronômicos pitagóricos, rejeitados pelo mundo antigo, lhe deram coragem para insistir em suas hipóteses, “embora parecessem absurdas”.
 
Foram os pitagóricos que originaram a expressão Raiz Quadrada: 
 
 
Sendo sempre os números Impares Quadrados e números Pares Retangulares:
 
 
Para Pitágoras o numero 1 representa um Ponto, o 2 uma Linha, o 3 um Plano e o 4 uma Dimensão:
 
 
E são os números Impares Limitados (Masculinos) e Pares Ilimitados (Femininos):
 
 
Para eles o 1 não é Par nem Impar, é um Par-Impar. Agregando o numero 1 a um numero Par gera um Impar, e agregando a um Impar gera um Par. O numero Zero era desconhecido ao Pitagóricos e a todos na antiguidade, sendo ensinado inicialmente pelos Árabes.
 
Os pitagóricos representavam Deus pelo numero 7, que “é regente e senhor de todas as coisas, Deus, uno, eterno, solido, imóvel, igual a si mesmo e diferente de todos os outros números”. Para eles o 7 era também Kairós, ou seja, aquilo que indica a justiça. Os Neoplatônicos (Pós-Socráticos) representaram Deus pelo numero 1.
 
Para Pitágoras o Tetractys reflete a concepção do número como elemento primordial. A união dos 4 primeiros algarismos (1,2,3 e 4), que somam 10, e podem ser dispostos em forma triangular simbolizando a relação perfeita. Pode parecer pouca coisa, mas essa teoria pitagórica e a mãe da nossa matemática decimal. 
(Para os babilônicos seria hexadecimal - 16, Maias em vintenas – 20)
 
 
Pitágoras ficou conhecido também como o "filósofo feminista", pois na escola havia muitas mulheres discípulas e mestres. Aos 60 anos casou-se com uma delas, Theano de Crotona, mestre em matemática e filosofia. Com ela teve uma filha de nome Dama, e um filho de nome Telauges, que o sucedeu como herdeiro, e foi, segundo alguns, mestre de Empédocles.
 
Sua comunidade não teve um final feliz em Crotona. Ela se tornou excessivamente aristocrática e teocrática. Uma reação popular abateu finalmente a comunidade, matando a muitos dos seus membros. Pitágoras acabou tendo que abandonar Crotona, refugiando-se em Metaponto, também ao sul da Itália, onde morreu logo depois. 
 
Pitágoras não deixou nenhum ensinamento escrito. Seus ensinamentos transmitidos oralmente eram rigorosamente guardados em segredo por seus primeiros discípulos que também eram proibidos de escrever sobre eles. Os primeiros escritos pitagórico foram de Filolau e Arquitas.
 
O pitagorismo influenciou o futuro platonismo, o cristianismo e ainda foi invocado por sociedades secretas que atravessaram o tempo até alcançarem os dias de hoje. O símbolo da Escola Pitagórica era o pentagrama, uma estrela de cinco pontas.
 
 
 
Escola Eleática
 
Oriunda de Eléia, cidade situada no sul da Itália, tem como principais pensadores Parmênides, Xenófanes, Melisso e Zenão de Eléia (discípulo de Parmênides), ao contrário da Escola de Mileto afirmam que o ser é unidade e imobilidade e que a mutação não passa de uma aparência. O único Conhecimento a ser considerado, é aquele adquirido pela Razão. A mobilidade não passa de uma ilusão que engana nossos sentidos.
 
 
 
5 - Xenofanes de Colofão (570 a.C.-475 a.C.)
 
Nasceu em Colofão, na Jônia, de onde foi exilado pelos persas que a conquistaram por volta de 546 a.C. Depois de viver algum tempo na Sicília e de levar uma vida errante através do Mediterrâneo, ele contribuiu na fundação de Eléia, no sul da Itália. 
 
Mestre de Parmênides de Eleia foi sábio e poeta, cantando seus poemas através da Grécia. Em oposição aos filósofos de Mileto, só escreveu em verso. Não foi discípulo de ninguém, sendo ele grande opositor de Tales e Pitágoras.
 
É a primeira pessoa conhecida a utilizar a observação de fósseis como evidência para a contar a história da Terra.
 
A sua concepção filosófica destaca-se pelo combate ao antropomorfismo, afirmando que se os animais tivessem o dom da pintura, representariam os seus deuses em forma de animais, ou seja, à sua própria imagem. Ensinava que só existe um Deus único, em nada semelhante aos homens, que é eterno, não-gerado, imóvel e puro. - “o todo é um ...” (Xenofones)
 
“Tudo aos deuses atribuíram Homero e Hesíodo, Tudo quanto entre os homens merece repulsa e censura, Roubo, adultério e fraude mútua...
 
...Os mortais acreditam que os deuses são gerados, que como eles se vestem e tem voz e corpo...
 
... Mas se mãos tivessem os bois, os cavalos e os leões e pudessem com elas desenhar e criar obras como os homens, Os cavalos semelhantes aos cavalos, os bois semelhantes aos bois, Desenhariam as formas dos deuses e os corpos fariam, tais quais eles próprios têm...
 
...Os egípcios dizem que os deuses tem nariz chatos e são negros, os trácios, que tem olhos verdes e são Ruivos... 
 
...Um único Deus, é maior entre deuses e homens, em nada no corpo semelhante aos mortais, nem pensamento...
 
...Todo inteiro vê, todo inteiro pensa, todo inteiro ouve...
 
...Mas sem esforço ele tudo agita com a força do pensamento...” (Xenofanes)
 
Fez-se famoso com os ataques aos poetas; Hesíodo e Homero, e aos filósofos; Tales, Pitágoras e Epimenides, e contra os atletas.
 
“Mas se alguém obtivesse a vitória, ou pela rapidez dos pés,
ou no pentatlo, lá onde está o recinto de Zeus
perto das correntes do Pisa em Olímpia, ou na luta,
Ou mesmo no penoso embate do pugilato,
Ou na rude disputa a que chamam pancrácio,
Os cidadãos o veriam ilustre,
Obteria nos jogos lugar de honra visível a todos,
Receberia alimento vindo das reservas publicas
Dados pela cidade e também talentos que seriam seus tesouros...
...embora não fosse digno como eu, pois mais que a força física
de homens e de cavalos vale minha sabedoria.
Ora, muito sem razão é esse costume, nem justo
É preferir a força física à boa sabedoria.
Pois nem havendo entre o povo um bom pugilista,
nem havendo um bom pentatlo, nem na luta,
ou pela rapidez dos pés, que mais que a força física
merece honra entre as ações dos homens dos jogos,
não é por isso que a cidade viveria em maior ordem.
Pequeno motivo de gozo teria a cidade,
se alguém, competindo, vencesse ás margens do Pisa,
pois isso não enche os celeiros da cidade.”(Xenofones)
 
Sobre os pitagóricos ele escreveu uma estória irônica: 
 
Certa vez ele (um pitagórico) caminhava quando viu um homem batendo em um cão, e falou: “Parem de bater nele! Na realidade, ele tem a alma de um amigo meu. Reconheci-o quando ouvi sua voz”
 
 
 
6 - Heráclito de Efeso (540 a.C.-470 a.C.)
 
Heráclito era descendente do fundador de Éfeso. E era detentor de uma “realeza” hereditária, que na pratica siguinificava responsabilidade para deveres sacerdotais. Heráclito porem abdicou em nome de seu irmão, o que para muitos contemporâneos representava nobreza de alma. Seu caráter altivo, misantrópico, melancólico e perfeccionista ficou proverbial em toda antiguidade. 
 
“Um para mim vale mil se for o melhor”
 
Desde criança era alvo de admiração. Quando ainda jovem dizia que não sabia nada; feito homem declarou que sabia tudo. Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra a religião. Foi ouvinte de Xenofones, e teve conhecimento dos estudos de Pitágoras.  Porem a ambos desprezava, assim como à mitologia.
 
“Muita instrução não ensina a ter inteligência; pois teria ensinado Hesíodo e Pitágoras, Xenófanes e Hecateu. Pois uma só é a (coisa) Sabia, possuir o conhecimento que tudo dirige através de tudo...”
 
“Homero merecia ser expulso dos certames e açoitado, e Arquíloco igualmente”
 
“Pitágoras, ancestral dos charlatões”
 
Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer. Porem, para ele, Deus não era nem criador, nem onipotente.
 
“Purificam se manchando com sangue, como se alguém, entrando na lama se lavasse”
 
“E também a estas estátuas eles dirigem suas preces, como alguém que falasse a casas”
 
“Não de mim, mas do logos tendo ouvido é sábio observar, tudo é um”
 
"O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um."
 
“O homem como uma criança ouve o divino, tal como uma criança ouve um homem. O mais belo símio é feio, a se confrontar com o gênero humano, o mais belo dos homens, em face de Deus, se manifestará como um símio, em sabedoria, beleza e tudo mais”
 
“Para Deus são belas todas as coisas e boas e justas, mas homens umas tomam como justas, outras, como injustas”
 
“Alimentam-se todas as leis humanas de uma só, a divina: pois, domina tão longe quanto quer, e é suficiente para todas as coisas e ainda sobra” 
 
“O Cosmos, que é o todo, nem Deus nem homem o criou, mas ele sempre existiu e existirá: fogo eterno sendo aceso no tempo certo e sendo extinto no tempo certo.”
 
“Um dia tudo se tornará fogo”
 
O fogo que se torna visível nos corpos celestes era para Heráclito a manifestação da energia transformadora invisível e em eterno movimento suportando todo o processo cósmico. Segundo ele há dois movimentos transformadores chamados de acender/apagar ou ascensão/queda. 
 
“A ascensão e a queda são uma só a mesma coisa”
 
Heráclito é o pensador do “tudo flui” (panta rei). Enquanto os outros filósofos de seu tempo procuravam explicações cientificas para a natureza física do cosmos, ele entendia como governado por um logos divino. Heráclito considerava o logos uma lei universal, cósmica, de acordo com a qual todas as coisas foram criadas e todos os elementos materiais do universo posto em equilíbrio através da discórdia e a tensão dos opostos. Esses opostos (dia/noite, inverno/verão, alto/baixo, guerra/paz, vida/morte, bem/mal) deviam ser considerado em conjunto um com o outro, já que nenhum deles pode existir sem o outro. Cada par é basicamente um, não dois, e cada parte só passa a ser significativa à luz da outra parte.
 
“É necessário perceber que a guerra é comum a tudo, e a justiça é discórdia, e todas as coisas acontecem de conformidade com a discórdia e a necessidade”.
 
“É a doença que faz a saúde tão agradável” 
 
 
“Conjunções são todos e não-todos, separando-se convergentemente, harmoniosamente discordante, uma de todas e todas de uma” (Aristóteles)
 
Para ele a Discórdia era a manifestação da Inteligência e Justiça Divina. Concluiu, por conta dessa alternância entre os opostos, que tudo esta em fluxo, em constante mudança. 
 
“O sol não apenas é novo cada dia, mas sempre novo, continuamente” 
 
“As coisas frias esquentam, as quentes esfriam, as úmidas secam, e as secas umedecem” 
 
“Ninguém se banha duas vezes num mesmo rio” 
 
Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros.
 
“A insolência é preciso extinguir, mais que o incêndio”
 
“É preciso que lute o povo pela lei, Tal como pelas muralhas” 
 
“Pois é preciso que de muitas coisas sejam inquiridores os homens amantes da sabedoria” 
 
"Não há nada fixo na vida fugitiva: nem dor infinita, nem alegria eterna, nem impressão permanente, nem entusiasmo duradouro que possa durar toda vida! Tudo se dissolve na torrente dos anos." (Schopenhauer)
 
Autodidata, escreveu o livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jônico, mas usando um tom de arrogância e linguagem aristocrática para que só homens capazes o pudessem aborda-lo e não fosse facilmente exposto ao desprezo publico. Utilizou-se muito do uso de Parábolas. Escreveu-o de forma tão concisa que recebeu o cognome de Skoteinós (Obscuro).
 
“Pois cães ladram contra os que eles não conhecem” 
 
Seus conhecimentos astronômicos o levaram a conclusão de que a Terra girava de Oeste para Leste, em 24 horas, e que Vénus fazia a volta em torno do Sol e não em torno da Terra como na altura se pensava.
 
“Não fosse o sol, com os outros astros seria noite” 
 
Também censura os Efésios:
 
“Merecia que os efésios adultos se enforcassem e aos não adultos abandonassem a cidade, eles que Hermodoro, o melhor homem deles e o de mais valor expulsaram dizendo: que entre nós ninguém seja o mais valoroso, ... Que não vos abandone a riqueza, efésios, afim de que seja provada a vossa ruindade”
 
Desprezava a plebe. Recusou-se sempre a intervir na política. Quando os efésios lhe pediram para que elaborasse suas leis, ele desdenhou o pedido, alegando que a cidade era governada por um mau regime político. 
 
“Lei é persuadir-se à vontade de um só”. 
 
Retirado no templo de Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se deles os efésios, perguntou-lhes: 
“De que vos admirais, perversos? Que e melhor: Fazer isso ou governar a republica convosco?”
 
Nos últimos anos da sua vida, passou a viver ainda mais isolado, nas montanhas, alimentando-se somente de plantas. Quando adoeceu, atacado por uma hidropisia (acumulo anormal de fluido nas cavidades naturais do corpo), Heráclito foi obrigado a voltar à cidade. Aos médicos, cujo conhecimento ridicularizava, perguntou se seriam capazes de transformar uma inundação em seca, aludindo à sua doença. Os médicos não entenderam e acabaram sendo expulsos por Heráclito. 
 
O filósofo resolveu então recorrer a um curandeiro que lhe aconselhou imergir-se no estrume pois o calor faria evaporar a água em excesso que havia em seu corpo. Foi um desastre: os cães de Heráclito não reconheceram o seu dono, inteiramente coberto de excrementos, e o atacaram, causando a sua morte. Outra versão diz que a causa da morte de Heráclito tenha sido por sufocamento no esterco de vaca. O historiador Neantes de Cízico (século III a.C.) afirma que, tendo sido impossível retirar o corpo de sob o esterco, lá permaneceu.
 
“Os médicos, quando cortam, queimam, e de todo torturam os pacientes, ainda reclamam um salário que não merecem, por efetuarem o mesmo que as doenças.”
 
 
Máximas de Heráclito
 
“Um homem tolo se empolga a cada palavra”
 
“Pois os olhos são testemunhas mais exatas que os ouvidos” 
 
“Procurei-me a mim mesmo” 
 
“Lutar contra o coração é difícil; pois o que ele quer se compra a preço de alma” 
 
“Se felicidade estivesse nos prazeres do corpo, diríamos felizes os bois, quando encontram ervilha para comer... Diferente é o prazer do cavalo, do cão, do homem, tal como asnos preferiam palha a ouro” 
 
“Porcos em lama se comprazem, mais do que em água limpa”
 
 “Mar, água mais pura e mais impura, para os peixes potável e saudável, para os homens impotável e mortal”
 
“Comum é a todos pensar” 
 
“O combate é de todas as coisas pai, de todas rei, e uns ele revelou deuses, outros homens, uns livres outros escravos”
 
“Não se deve agir nem falar como os que dormem” 
 
“Pensar sensatamente e virtude máxima de sabedoria são dizer coisas verdadeiras e fazer como a natureza, Escutar”
 
“Mas testemunhas são para os homens seus olhos e ouvidos, se almas bárbaras eles tem” 
 
“Pois ouro os que procuram cavam muita terra e o encontram pouco”
 
“Para a almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e terra nasce da água, e de água a alma”
 
 
 
7 - Parmênides de Eléia (540 a.C.-479 a.C.) 
 
“Tudo é Uno”
 
Ele nasceu em Eléia, uma cidade fundada no sul da Itália por volta de 540 a.C. por refugiados jônicos que fugiam dos exércitos persas que assolavam sua terra natal. Foi discípulo do pitagórico Amínias e mostra conhecer bem a doutrina dos pitagórico. Essa influencia o levou a empregar o raciocínio dedutivo na tentativa de revelar a verdadeira natureza física do mundo. 
 
Suas investigações o levaram a tomar uma posição totalmente oposta a Heráclito e, apesar do método de analise ser nas bases pitagóricas, suas conclusões se desenvolveram contra o Dualismo Pitagórico. Seguiu as lições do velho Xenofanes, da escola de Eléia.
 
A partir da premissa de que algo existe (“é”), Parmênides deduziu que esse algo não pode também não existir (“não é”), pois isso envolveria uma contradição logica. Não pode existir um estado de nada, sendo assim, nada pode vir do nada. A mudança é impossível. Tudo que é real deve ser eterno e imutável e ter uma unidade indivisível. Nós parecemos sentir as mudanças, ainda que a razão nos diga que mudar é impossível. A conclusão é que nunca devemos confiar em nossos sentidos.
 
Para ele o ser é completo, eterno e perfeito. Parmênides tem como base de seus estudos negar a divisibilidade da matéria e recusando a existência do vácuo a base de ensino dos Atomistas.
 
“pois é todo inteiro, inabalável e sem fim;
nem jamais era nem será, pois é agora todo junto...
...Assim ou totalmente é necessário ser ou não...
...Nem divisível é, pois é todo idêntico;
nem algo em uma parte mais, que o impedisse de conter-se,
nem também algo menos, mas é todo cheio do que é,
por isso é todo continuo; pois ente a ente adere...
...é sem principio e sem pausa, pois geração e perecimento...
...pois nem era ou é ou será outro fora do que é” (Parmênides)
 
"A meu parecer, Parmênides, como um herói de Homero, é venerável e temível. Tive contato com este homem quando eu era jovem e ele velho, e justamente me pareceu que tinha pensamentos profundos; temia não compreender suas palavras e que seu pensamento nos deixasse atrás" (Sócrates)
 
 
 
8 - Zenão de Eléia (490 a.C. – 430 a.C.)
 
Zenão, o Arquipolemista. Considerado o Pai da Dialética. Platão conta que Zenão era cerca de 25 anos mais novo que seu mestre Parmênides, que era alto e de aparência agradável. Conta sobre a visita de ambos a Atenas.
 
O gosto de Zenão pela controvérsia e abundantemente descrito em várias fontes. Ele não aparece como um pensador criativo, e sim como um atacante sistemático dos pontos de vista de outros filósofos. Ele usava o método do argumento hipotético, perguntando: “Se X e verdade, qual e a consequência?” E a consequência era um conjunto de propostas que demonstravam as contradições sobre X.
 
Escreveu varias obras em prosa: Discussões, Contra os Físicos, Sobre a Natureza, Explicação critica de Empédocles. Zenão erigiu-se em defensor de seu mestre, Parmênides, contra as criticas dos adversários, principalmente os pitagórico. 
 
Seu método consistia na elaboração de paradoxos. Deste modo, não pretendia refutar diretamente as teses que combatia mas sim mostrar os absurdos daquelas teses. Acredita-se que Zenão tenha criado cerca de quarenta destes paradoxos, todos contra a multiplicidade, a divisibilidade e o movimento (que nada mais são que ilusões, segundo a escola eleática) 
 
Paradoxo da dicotomia – Imagine um móvel que está no ponto A e quer atingir o ponto B. Este movimento é impossível, pois antes de atingir o ponto B, o móvel tem que atingir o meio do caminho entre A e B, isto é, um ponto C. Mas para atingir C, terá que primeiro atingir o meio do caminho entre A e C, isto é, um ponto D. E assim, ao infinito.
 
Ao contrário de Heráclito, interveio na política, dando leis a sua Pátria. Tendo conspirado contra a tirania, acabou preso, ao ser torturado impiedosamente pelo tirano, em praça pública, e querendo este arrancar-lhe a todo custo a confissão dos nomes de seus companheiros conspiradores, Zenão primeiro delatou todos os amigos do tirano como sendo participantes ativos da rebelião e posteriormente, insultou o próprio tirano, frente a frente, como sendo a peste do Estado.
 
Diz-se que Zenão, já todo ensanguentado, postou-se como se quisesse dizer ainda alguma coisa aos ouvidos do tirano, mordendo-lhe, no entanto, a orelha e cerrando tão firmemente os dentes, que para soltar teve que ser trucidado pelos soldados, que o mataram ali naquele instante.
 
Tal história de bravura e coragem, espalhou-se posteriormente entre os cidadãos de Eleia, que por fim reagindo contra a tirania, ergueram-se contra seu governante, e ganharam a liberdade.
 
O materialismo eleático afirmava o seguinte: "o que é, é; nada pode surgir do que não é, bem como o que é não pode converter-se em nada"
 
 
 
9 - Melisso de Samos (485 a.C. – 425 a.C.)
 
Polemista, foi discípulo e defensor de Parmênides, contra os pitagórico e sobretudo contra Empédocles. Heráclito o apresentou aos efésios e, assim como Demócrito, foi apresentado em Abdera por Hipócrates. 
Cronologicamente, Melisso está situado no final do período pré-socrático, um pouco mais velho que o mesmo Sócrates.
 
Os Atenienses de Péricles tentam conquistar Samos por diversas vezes. Em 441 a.C. comandando uma esquadra de navios infligiu uma derrota aos atenienses. Em 440 a.C.  Os atenienses reagiram tomando a ilha de Samos.
 
“Sempre era o que era e sempre será. Pois, se tivesse vindo a ser, necessariamente nada seria (existiria), antes de vir a ser. Por conseguinte, se nada fosse de modo algum algo viria a ser de nada...
...Uma vez, portanto, que não veio a ser, é, sempre era e sempre será e não tem princípio, nem termo mas é infinito. Pois, se tivesse vindo a ser, teria princípio (pois vindo a ser teria principiado) e termo; mas, uma vez que nem principiou, nem terminou, sempre era, sempre será e não tem princípio nem termo; pois não é exequível ser sempre o que não totalmente é...
...Mas, tal como sempre é, assim também em grandeza é necessário que sempre seja infinito...
...Nada que tem princípio ou termo é eterno ou infinito...
...Se não fosse um, teria um limite com o outro...
...Se fosse infinito, seria um; pois, se fossem dois, não poderiam ser infinitos, mas teriam limites um com o outro.” (Melisso)
 
 
 
10 - Empédocles de Agrigento (492 a.C.-432 a.C.)
 
“Deus é um círculo cujo centro são todos os lugares e cuja a circunferência não e lugar nenhum”
 
Político, engenheiro, filósofo, médico, místico e poeta grego, nascido em Acragas, hoje Agrigento, na Sicília, cidade colonial grega no litoral sul da Sicília. Durante sua vida sua terra natal se tornou um dos lugares mais importantes do mundo grego. Seu líder, o tiranos Theron, obtivera uma vitória notável contra os cartaginenses na batalha de Himera em 480 a.C. Os despojos dessa batalha construíram inúmeros templos cujas magnificas ruinas existem até hoje.
 
Um dos notáveis defensores da teoria da constituição da matéria de Pitágoras, um profundo teórico da evolução dos seres vivos e considerado o primeiro sanitarista da história. 
 
Pertencia a uma família importante e fora Campeão nas Olimpíadas em Hipismo no ano de 464 a.C.  Suídas, afirma que Empédocles, após esse feito olímpico, foi pelas cidades com uma coroa de ouro sobre a cabeça e sandálias de bronze nos pés e nas mãos fitas délficas, querendo atrair a fama sobre si mesmo, de que era um deus. 
 
“Amigos meus na grande cidade de Acragas: Chego entre vos como um deus imortal, não mais um mortal, recebendo de todos honrarias que me são devidas, adornado com uma coroa da vitória e seguido em minha marcha de cidade em cidade por multidões de homens e mulheres aos milhares...”
 
Em uma sociedade mais primitiva que a grega teria sido conhecido como curandeiro. A multidão se reunia a sua volta esperando por profecias e curas miraculosas. Se dizia capaz de dominar os ventos, fazer chover, evitar a chuva, e trazer mostos de volta a vida. Cedo Virou figura legendária: ficou conhecido na antiguidade como profeta e mago. Empédocles era um misto de cientista, místico, de Pitagórico e Órfico. 
 
Como administrador notabilizou-se por suas pioneiras ideias sanitaristas e ambientais nas comunidades urbanas. Mandou construir sistemas de drenagem em várias localidades do mundo grego. Quando a cidade vizinha, Salinonto, foi atingida por uma peste, ele foi o responsável por descobrir que a causa era contaminação de seu fornecimento de agua, e foi ele que ensinou como purificar o mesmo desviando duas nascentes para o rio principal. Acontecimento que mais tarde foi lembrado, de forma agradecida, nas moedas cunhadas naquela cidade.
 
Na política foi um dos principais responsáveis pela expulsão do filho de Theron do poder e na criação de uma constituição mais democrática. Por se opor a oligarquia e defender a democracia, acabou sendo desterrado. Lendariamente teria morrido atirando-se no Etna para provar que era um deus. Outros afirmam que como um deus, quando morreu teria se elevado para o céu. Mas a versão mais antiga afirma que após o exilio veio a falecer no Peloponeso.
 
Existe uma duvida quanto a seu mestre. Para uns historiadores ele fora discípulo de Parmênides, para outros de Telauges, filho de Pitágoras. Mas o Certo é que este era profundo conhecedor dos Pitagóricos, Eleáticos e Jônicos. Aristóteles o descreve como fundador da Retorica. Foi mestre de Górgias de Leôncio, um dos mais destacados sofistas e notável orador. Conhecido como fundador da escola Pluralista.
 
Substituiu, pois, a busca dos jônicos de um único princípio das coisas para interpretação do universo pelo de que "todos os fenômenos da natureza são resultado da mistura de quatro elementos: água, fogo, ar e terra". Na sua concepção cosmológica elas se uniriam sob a força de algo que os misturasse das várias formas. Para que isso ocorresse teorizou os seus dois princípios: o amor como fator de união, e o influxo do discórdia para a divisão. 
 
Enquanto os pitagóricos não entendiam como explicar o movimento; Heráclito afirmava que tudo se movia, mas não se preocupou em descobrir como; e Parmênides negava a existência do movimento; Empédocles usou a atividade de dois opostos para explicar o que hoje chamamos de atração (Amor) e repulsão (Discórdia), dando a primeira explicação plausível sobre o movimento.
 
Afirma que a “alma” e o “princípio fundamental da vida” atuante e pensante. Para Empedocles ela era formada pelos 4 elementos e também as formas do amor e da discórdia. Também diz que a alma humana sofreu uma “queda” de um estado de bem-aventurança de comunhão com o divino e que devemos recuperar esse estado original. Segundo ele a alma e imortal, e foi exilada de sua morada celeste por ter sido induzida a pecar pela Discórdia. A condenação pelo pecado a obriga a pagar em repetidas encarnações em forma humana, animal e até planta. 
 
Ele era um vegetariano fanático, afirmando que e exigência da lei do Amor. O primeiro passo para a salvação seria abdicar-se do sacrifício de animais, mesmo não sendo você a pessoa que sacrifica o animal, comendo qualquer parte deste a faz uma das culpada da morte do mesmo. Matar um animal seria um ato tão cruel como matar um parente próximo.
 
Ele concorda também que “nada e criado do nada” e que nada que existe pode ser destruído.
 
“Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma" (Lavoisier)
 
Do médico e pitagórico Alcmeão de Crotona, assumiu a teoria de que a saúde era um equilíbrio próprio entre componentes opostos, e que a doença era um desequilíbrio dos opostos dentro do corpo. Defendeu a teoria dos poros como passagens respiratórias do corpo, e a da visão como o encontro de um raio que emanava dos próprios olhos sobre as efluências do objeto.
 
 
Escola Atomista
 
Os Atomistas, como Anaxágoras, Leucipo e Demócrito, sustentam que o universo é constituído de átomos eternos, indivisíveis e infinitos reunidos aleatoriamente. Se é possível dividir um pedaço de madeira com uma faca é por que a matéria é divisível até chegar ao átomo, o elemento indivisível.
 
 
 
11 - Anaxágoras de Clazomenas (500 a.C.-428 a.C.)
 
Nasceu numa família rica de Clazomenas, na Jônia, nas proximidades de Esmirna. Não participou dos negócios ou da política de sua cidade natal. Grande parte de sua vida se passou fora, principalmente em Atenas. Sua primeira visita a esta cidade foi forçada, na qualidade de convocado pelo exército persa que invadiu a Grécia em 480 a.C. Mais tarde retornou a Atenas onde viveu por 30 anos, fundando a primeira escola filosófica dessa cidade, sob os auspício de Péricles, seu protetor e discípulo. O notável dom da oratória de Péricles foi aperfeiçoada, segundo dizem, graças as discursões filosóficas com Anaxágoras, que livraram seu espirito da superstição popular.
 
Após o início da guerra do Peloponeso, em 431 a.C. os inimigos políticos de Péricles, aproveitando-se da queda da popularidade do mesmo, minaram seu poder eliminando seus amigos. Anaxagoras foi o primeiro a sofrer. Um decreto recente proibia qualquer um de menosprezar as coisas sobrenaturais e dar aulas sobre corpos celestes. Os ensinamentos deste que afirmavam ser o sol uma massa de ferro incandescente e a lua uma massa de Terra, negando a divindade desses corpos celestes, não o ajudaram em nada nesta questão. Sendo assim acusado de heresia, impiedade e injuriador de Apolo. Houve um processo que o condenou. Chegou a ser encarcerado, mas conseguiu fugir, refugiando-se em Lampsaco (Jônia), onde fundou outra escola.
 
Mereceu alta estima dos lampsacenses, que cunharam moedas com sua efígie, uma distinção rara para um filosofo. Quando morreu, os habitantes de Lâmpsaco lhe prestaram honras fúnebres, e colocaram sobre a tumba a seguinte inscrição: 
 
“Aqui jaz Anaxágoras, que em seu estudo dos céus, mais se aproximou da verdade.”
 
Era causa comum que os que faleciam sem filhos deixassem seus bens para sua cidade natal. Ele, por sua vez, deixou para os parentes e, quando lhe perguntaram: “Você não se preocupa com sua Pátria?” ele respondeu apontando para o céu: “Preocupo-me muito com minha Pátria”
 
Foi o primeiro filosofo importante a viver em Atenas, e por intermédio de seu discípulo Arquelau a especulação cientifica jônica naturalizou-se nesta cidade. Seus pensamentos eram totalmente apolíticos. Um pensador com alma muito acima dos assuntos mundanos. Grande influencia significou na formação de filósofos como Sócrates (amigo próximo de Arquelau) e Platão.
 
Anaxágoras era detentor de uma grande reputação como físico, matemático, astrônomo e meteriologista. 
Afirmava que em tudo há um pouco de tudo. Em cada minúscula partícula, ou semente, há uma parte de todas as coisas, pois todas as coisas são formadas por essas sementes. Acreditava que essas sementes eram ordenadas por uma inteligência cósmica e pura, o Nous (Inteligência), formando todas as coisas e seres diferenciados.
 
O Nous de Anaxágoras é universal, move-se para diante. É a alma que a tudo move, que liga e separa, e assim se torna outra, assim até o infinito.
 
Sócrates admirava muito a teoria sobre Nous de Anaxágoras. Os filósofos antes dele buscavam o elemento original ou falavam sobre o movimento. Ele foi o primeiro a força que movimentou e criou o universo de forma a não usar meios filosóficos e não mitológicos para tal. Sócrates apenas crítica Anaxágoras porque explicou sobre o Nous como causa inteligente que se move e cria, mas, não como causa inteligente também coloque ordem no mundo.
 
“Os gregos tem um entendimento incorreto de criação e destruição. Nada e criado ou destruído, mas as coisas são feitas e desfeitas pela mistura ou dispersão de coisas existentes”
 
“Junto todas as coisas eram infinitas em quantidade e em pequenez, pois o pequeno era infinito 
E, sendo todas junto, nenhuma era visível por pequenez...
...Ar e éter ocupam todas, sendo ambos infinitos...
...Pois nem pequeno há o mínimo, mas sempre um menor, mas também do grande há sempre o maior. E é igual ao pequeno em quantidade, e quanto a si mesma cada coisa tanto é grande como pequena... 
...Estas coisas assim separadas é necessário saber, que todas em nada são menores nem maiores, mas todas são iguais sempre....
...Em todas as coisas são incluídas muitas e das separadas igual quantidade é tanto nas grandes como nas pequenas”
 
Platão afirma que Sócrates ficou muito impressionado com o que Anaxágoras tinha a dizer sobre o Nous, mas o criticou por se abster de usar o plenamente o Nous como a causa ordenadora das coisas. 
 
“Anaxágoras foi um sóbrio entre os ébrios” (Hegel)
 
 
 
12 - Leucipo de Abdera (480 a.C. - 420 a.C.)
 
“Nada passa a existir por acaso, mas há uma explicação para tudo, e tudo e levado a existir pela Necessidade”
 
Leucipo nasceu provavelmente em Mileto, viajou para Eleia para estudar com Zenão e finalmente se assentou em Abdera onde fundou sua escola. É contemporâneo de Anaxágoras, os sofistas e Sócrates. Segundo uns também estudara com Melisso. Aristóteles o considera como o criador da teoria dos átomos, depois desenvolvida e elaborada por Demócrito. Seu discípulo, Demócrito, chegou a ser acusado de plagiar alguns textos de Leucipo. 
 
Em suas obras ele teve a ideia de conciliar as ideias dos jônicos e dos eleáticos, criando a doutrina dos átomos; São os átomos partículas homogêneos quanto ao conteúdo, ficando a diversificação por conta do arranjo dos mesmos. Elementos imutáveis que contem infinitas combinações mutáveis.  
 
“O voo até a Lua não é tão longo. As distancias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos.” (Anônimo)
 
 
 
13 - Demócrito de Abdera (460 a.C.-370 a.C.)
 
“Eu gostaria de descobrir uma única explicação científica do que possuir o reino da Pérsia”
 
Proverbial na antiguidade era o continuo sorriso de Demócrito. A tradição afirma que ele ria de tudo.
 
Segundo Heródoto, tendo Xerxes recebido hospitalidade na casa do pai de Demócrito, deixou nela magos e caldeus que foram os mestres de Demócrito. Deles aprendeu teologia e astronomia; mais tarde recebeu lições de Leucipo e também, segundo alguns autores, de Anaxágoras, quarenta anos mais velho.
 
Não manteve o misticismo dos magos e nem o dualismo do bem e do mal da filosofia persa em geral, e que então se expandia no Ocidente sob a forma do orfismo e do pitagorismo. Eliminou o Nous, de Anaxágoras e desenvolveu o atomismo de Leucipo. 
 
Tinha dois irmãos maiores, com os quais compartilhou a herança paterna. A maioria dos autores estão de acordo em reconhecer que ele tomou dinheiro para cobrir os gastos de suas viagens, acreditasse que sua parte se elevava a mais de cem talentos e que os gastou inteiramente. Quando retornara teve que ser mantido por seu irmão Dámaso. Era proibido que fosse enterrado em sua Pátria aquele que houvesse gasto todo seu patrimônio, e não querendo ser motivo de escarnio, foi diante de seus concidadãos e leu o que considerava a melhor de suas obras. Foi tal a aceitação que além de lhe pagarem 500 talentos ainda lhe erigiram uma estatua. E, quando morreu, foi sepultado com despesas do estado.
 
“Fama e riqueza sem inteligência não é uma aquisição segura”
 
Suas viagens teriam alcançado a Pérsia, Caldéia e o Egito (Onde foi instruído em Geometria). A possibilidade de ir tão longe acontecia porque uma parte do mundo grego (a Jônia) já se encontrava integrada ao mundo persa, o mesmo acontecendo com o Egito conquistado por Cambises e, como sempre, aberto aos gregos. Mais, difícil é crer que tenha estado na Índia, como afirmam alguns.
 
Em Atenas não estabeleceu relações. Sua filosofia era voltada à natureza, ao passo que a dos atenienses era voltada à retórica, ética e política. Observe-se que já ali estivera Anaxágoras tendo sido forçado a abandonar a cidade por causa de suas ideias avançadas sobre a natureza e os deuses. Ele conheceu Sócrates, porem sem ser conhecido por este. Nem mesmo Platão o conheceu com profundidade, pois jamais o cita pelo nome em qualquer dos seus diálogos. Apenas ao tempo de Aristóteles o atomismo será objeto de discussão, em Atenas.
 
“Demócrito era jovem quando Anaxágoras era velho, ele era 40 anos mais moço. Compôs A Pequena Ordem do Mundo 730 anos após a tomada de Tróia. Segundo Favorino, Demócrito afirmou ter Anaxágoras plagiado a opinião sobre o sol e a lua dos pensadores mais antigos e ter ridicularizado o livro de Anaxágoras Sobre a Ordem do Universo e da Inteligência, Como vingança por Anaxágoras não ter lhe dado acolhida.” (Simplicio)
 
"O animal é tão ou mais sábio do que o homem: conhece a medida da sua necessidade. enquanto o homem a ignora. (Demócrito)
 
Retornou finalmente Demócrito à cidade natal. Para um homem de ciência, não era sem sentido manter-se em Ábdera, desde Leucipo, ela cresceu como uma sociedade de avançado saber. Agora, ele mesmo, sucessor de Leucipo, seria um dos seus mais representativos mestres. Os longos anos que depois viveu, lhe deram tempo para criar um grande número de tratados. Estes demonstram que devia haver em Ábdera uma escola, para os quais serviam. Segundo Diógenes Laércio, Demócrito teria deixado umas 90 obras. Muitos acreditam que algumas obras atribuídas a Demócrito fariam parte do Corpus da escola. 
 
Uma história nos conta que Demócrito sentiu o cheiro de pão quente que uma criada levava para o andar de cima. Se perguntando sobre a origem do aroma do alimento ele concluiu que minúsculas partículas do pão deviam escapar para o ar. Ele concebeu a experiência de cortar um queijo em vários pedaços até não ser possível cortar mais e concluiu que a existência de uma partícula tão pequena que não pode ser dividida, chamou-a de átomo (indivisível). Também concluiu que a o queijo era macio e a mesa rígida porque os átomos da mesa eram mais compactos que os do queijo.
 
 
Demócrito e Leucipo partem do eleatismo. Mas Demócrito acreditava na realidade do movimento. Se há movimento deve haver um espaço vazio, o que equivale dizer que o não-ser é tão real quanto o ser. Porem se o espaço é absolutamente pleno, não pode haver movimento. Se toda grandeza fosse divisível ao infinito, não haveria nenhuma grandeza, não haveria mais ser. O movimento demonstra o ser, tanto quanto o não-ser. Mas para Demócrito os átomos são uns idênticos aos outros. Se um átomo fosse o que outro não é, haveria um não-ser, o que é uma contradição.
 
“Nada existe senão átomos e vazio; tudo resto e opinião”
 
Uma coisa nasce quando se produz um certo agrupamento de átomos; desaparece quando esse grupo se desfaz, muda quando muda a situação ou a disposição desse grupo ou quando parte é substituída por outra. Cresce quando lhe são acrescentados novos átomos. Toda ação de uma coisa sobre outra se produz pelo choque dos átomos.
 
 
Mas Demócrito foi mais longe e afirmou que o universo originalmente era formado apenas por átomos que flutuavam até se chocarem uns com os outros, se unirem, formando planetas, estrelas e os demais astros existentes no espaço. Afirmava que a terra era uma esfera gigante vagando no espaço e que nosso universo era apenas um entre muitos, sem limites, e a Via Láctea era um enxame de longínquas estrelas. E tudo isso dito a 2400 anos atrás.
 
 
O atomismo marcou o apogeu de uma tendência materialista no pensamento pré-socrático. Pretendiam explicar todos os fenômenos em termos matéria, espaço e movimento. Energicamente combatidos por Platão e Aristóteles. Viveu o suficiente para compreender que perdera a batalha das ideias para Aristóteles, mais jovem e persuasivo. Morreu vítima da fome por se recusar a comer. Suas ideias temporariamente renascem entre os epicuristas. Posteriormente volta a ser combatida pelos neoplatônicos e os cristãos. Nunca esquecida, ressurge no período da Renascença e hoje serve de parâmetro logico para todo estudo cientifico. 
 
 
Máximas moralistas de Demócrito
 
“O Homem um Microcosmos”
 
“Quem escolhe os bens da alma, escolhe os divinos; quem escolhe os do corpo, escolhe os humanos.”
 
“Lance moderação ao vento, e os maiores prazeres trarão as maiores dores” 
 
“É preciso ou ser bom ou imitar quem o é”
 
“Não é pelo corpo, nem pela riqueza que os homens são felizes, mas pela retidão e muita sabedoria”
 
“Arrependimento de atos vergonhosos é a salvação da vida”
 
“Quem comete injustiça é mais infeliz que o que sofre injustiça”
 
“É magnanimidade suportar com doçura a falta de tato”
 
“Ceder a lei, ao chefe e ao mais sábio é pôr-se em se lugar”
 
“À censura dos maus o homem bom não da atenção”
 
“É duro ser governado por um inferior”
 
 “Quem for totalmente submisso ao dinheiro jamais poderia ser justo”
 
“Para a persuasão a palavra frequentemente é mais forte que o ouro”
 
“Muitos, praticando os atos mais vergonhosos, elaboram os mais excelente discursos” 
 
“Obras e ações de virtude, não palavras, é preciso invejar”
 
“Nem arte, nem sabedoria é algo acessível, se não há aprendizado”
 
“O belo não cometer injustiça, mas nem mesmo querer faze-lo”
 
“Pensar antes de agir é melhor que arrepender-se”
 
“Um homem é digno de fé ou não o é, não somente pelo que faz, mas também é pelo que quer.”
 
“Prazeres intempestivos geram aversão” 
 
“Conseguir bens não é sem utilidade, mas, através da injustiça, é a pior das coisas”
 
“É vergonhoso ocupar-se das coisas alheias e ignorar as próprias” 
 
“É preciso guardar-se do mau, para que ele não aproveite uma ocasião propicia” 
 
“Benfeitor não é quem visa à retribuição, mas quem optou pela boa ação”
 
“A beleza do corpo é a beleza animal, se sob ela não está inteligência”
 
“É melhor se elogiado por um do que por si mesmo”
 
“Não desejes saber tudo, para que não te tornes desconhecedor de tudo” 
 
“Insensatos desejam as coisas ausentes, mas desperdiçam as presentes ainda que mais valiosas”
 
“Sensato é quem não sofre pelo que não tem, mas se alegra com o que tem”
 
“Os avarentos tem o destino das abelhas: trabalhar como se fossem viver para sempre”
 
“Nada de vil, mesmo que esteja sozinho, fales ou faças. Aprende a respeitar mais a ti do que aos outros”
 
“A vida no estrangeiro ensinam a autossuficiência: o pão de centeio e a cama de palha são o remédio mais doce para a fome e o descanso”
 
“A guerra civil é um mal para ambas as partes, pois, para vencedor e vencidos, a destruição é igual”
 
“Aos homens probos não é vantagem, descuidando-se das tarefas deles, realizar outras, pois as próprias ficariam mal. Mas, se alguém descuida dos bens públicos, passa a ter má reputação, ainda que não roube nem, em nada, atente contra o direito. Entretanto, também não descuidando e não cometendo injustiça, corre risco de criar má reputação e ate vir a sofrer algo. É inevitável errar, mas não é fácil aos homens perdoar”
 
“Meu inimigo não e somente o homem que me ofende, mas o que quer me ofender”
 
“O temor produz lisonja, mas não obtém benevolência”
 
“Quem teve sorte com o genro ganhou um filho, quem não o teve perdeu uma filha”
 
“Se não cobiçares muitas coisas, as poucas julgarás muitas, pois o pequeno apetite faz a pobreza equivalente à riqueza”
 
“Afortunado quem deseja com medida, infortunado quem sofre com o que tem”
 
“O velho foi jovem, mas, quanto ao jovem, é incerto se ele chegará à velhice. Portanto, o bem realizado vale mais que o que está ainda por vir e é incerto”
 
“Alguns homens, não conhecendo a dissolução da natureza mortal, mas conhecendo os sofrimentos que ocorrem na vida, penam durante o período da vida em meio a perturbações e temores, inventando historias falsas sobre o tempo após o fim”
 
 
 
Escola de Cós ou Escola Hipocrática
 
 
14 - Hipócrates de Cós (ou Quios) (460 a.C.-370 a.C.)
 
“Que a alimentação seja seu único remédio” 
 
Hipócrates é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde, frequentemente considerado "pai da medicina", apesar de ter desenvolvido tal ciência muito depois de Imhotep, do Egito antigo. É referido como uma das grandes figuras entre Sócrates, Aristóteles durante o florescimento intelectual ateniense. Hipócrates era um asclepíade, isto é, membro de uma família que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde.
 
Nas obras hipocráticas há uma série de descrições clínicas pelas quais se pode diagnosticar doenças como a malária, papeira, pneumonia e tuberculose. Para o estudioso grego, muitas epidemias relacionavam-se com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as pessoas viviam. Seus escritos sobre anatomia contêm descrições claras tanto sobre instrumentos de dissecação quanto sobre procedimentos práticos.
 
A estratégia usada pelos gregos para conter a dor em pacientes era embebeda-lo. Entre os assírios era utilizado um método no qual eles apertavam uma artéria que leva sangue até o cérebro, fazendo com que o paciente entrasse num estado de coma temporário enquanto era operado. O problema e que nem sempre o coitado acordava. Hipócrates criou o que chamou de “esponja soporífera”: uma espoja embebida numa mistura de ópio e mandrágoras, que rapidamente punha o paciente a nocaute. Para acorda-lo usava de outra esponja embebida em vinagre. A Palavra Anestesia vem do grego e significa: A = sem / nesthesia = sensibilidade
 
Hipócrates costumava preparar chás de folhas e casca da árvore salgueiro para aliviar febre e dores de cabeça. Mal sabia ele que tal planta possuía em sua composição o ácido salicílico, o composto que iria originar a Aspirina. Em 1994 os americanos elegeram a Aspirina como a maior invenção do século, na frente inclusive do computador. 
 
Foi o líder incontestável da chamada "Escola de Cós". O que resta das suas obras testemunha a rejeição da superstição e das práticas mágicas da "saúde" primitiva, direcionando os conhecimentos em saúde no caminho científico. Sua ética resume-se no famoso Juramento de Hipócrates.
 
“…juro cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. 
 
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal, nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
 
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
 
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. 
 
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. 
 
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. 
 
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”
 
"A vida é breve; a arte, vasta; a ocasião, instantânea; a experiência, incerta; o juizo, difícil." (Hipócrates)
 
“Os médicos são homens que prescrevem remédios que não conhecem bem, contra doenças que conhecem menos ainda, para pacientes que não conhecem” (Filme “Rota de Fuga”)
 
 
 
15 - Filolau de Crotona (meados do séc. V a.C.)
 
Filósofo pré-socrático e matemático grego, autor e professor da cidade de Tarento, nascido em Crotona. Foi discípulo de Lísis. Diz-se que obrigado pela pobreza, mas com autorização de seu mestre, escreveu o livro chamado Escritos Pitagóricos sobre a doutrina pitagórico, fato que reveste da máxima importância, porque os fragmentos que chegaram até nós representam o mais antigo relato da doutrina pitagórico. Esse livro exerceu profunda influencia em Platão, que o teria adquirido por quarenta minas.
 
“E todas as coisas que podemos conhecer contêm número, pois sem ele nada pode ser concebido nem conhecido”
 
Segundo sua filosofia o número é a harmonia, o que permite conhecer tudo que há de limitado na natureza, é o que possui realidade mais verdadeira, isenta de engano ou falsidade. Foi professor em Tarento do também famoso matemático grego, Arquitas de Tarento (428-365 a. C.) e de Demócrito de Abdera (460-370 a. C.).
 
 
 
16 - Arquitas de Tarento (400 a.C - 365a.C.)
 
Filósofo, Cientista, Estratega, Estadista, Matemático e Astrónomo, considerado o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos Foi discípulo de Filolau e amigo de Platão, filosoficamente filiado aos pitagórico como seu mestre. Fundou a mecânica matemática e influenciou Euclides. Foi mestre de matemática de Eudoxo de Cnido.
 
Arquitas foi figura dominante em Tarento em sua geração, algo comparável a Péricles em Atenas. O tarentinos elegeram-no líder do exército por sete anos seguidos (uma violação as leis da própria cidade que proibia nomeações sucessivas). Invicto como general contra os seus vizinhos do sul italiano. A Sétima Carta de Platão afirma que Arquitas tentou salvar Platão durante suas dificuldades com Dionísio II de Siracusa. Na sua carreira pública, Arquitas tinha uma reputação de virtude, bem como de eficácia. Alguns estudiosos têm argumentado que Arquitas pode ter servido como um modelo para o rei filósofo de Platão, e que ele influenciou a filosofia política de Platão expresso em “A República”. 
 
Ele morreu afogado num naufrágio no mar de Mattinata. Na Lua existe uma Cratera Batizada em sua Homenagem.
Gráfico de Escolas, Discípulos e Influencias Pré Socráticas
 
 
 
III –  Socráticos ou Clássicos (IV a.C.)
 
Sofistas
 
A palavra sophistes era um termo genérico para nomear uma pessoa sabia e hábil. Podia ser aplicada para poetas, carpinteiros, médicos e estadistas. Mas por volta de 450 a.C. passou a designar uma classe de “professores” errantes que viajavam de cidade em cidade oferecendo um cursos de uma grande variedade de assuntos, uma nova classe de profissional para uma nova demanda de educação superior. E sempre cobravam por seu trabalho. Uma tentativa de substituir a tradicional educação da época, que se destinava só a formação de guerreiros e atletas. 
 
Com o surgimento de múltiplas doutrinas contraditórias, passam a desprezar a filosofia como busca da verdade. Procuram então o oposto, ensinando lideres políticos e a classe mais favorecida em questões e disputas pelo poder. Vendiam o poder por mera cobiça e ambição. Também foram conhecidos por abusarem da retórica, pelo individualismo e pela decadência dos costumes. 
 
Discutiram os fundamentos das leis e da moral, questionaram os sistemas políticos, estudaram sistematicamente a ética e a política. Em seus melhores momentos foram defensores dos direitos humanos ao ponto de questionarem a validade da arraigada instituição social da escravidão. Os sofistas mais famosos são: Protágoras de Abdera, Górgias de Leotinos, Hípias de Elis e Antifon de Ramnunte. Eram inimigos mortais de Sócrates.
 
“Um Orador hábil pode demonstrar o que quiser” (Platão)
 
 
O que diferenciava os sofistas dos filósofos antigos?
 
Busca por Alunos: Embora os antigos tivessem discípulos, a busca por esse nunca fora a meta de nenhum filosofo. Jovens em busca de conhecimento fluíam automaticamente para perto dos Mestres de Filosofia. Para os sofistas a busca da verdade estava diretamente vinculada a difusão de conhecimento. Quanto mais pessoas o conheciam melhor você era.
 
“A maioria das boas palavras são as repetidas” (Voltaire)
 
Exigiam pagamento: Isso era escandaloso para um filosofo antigo, porque, para eles, o saber era fruto de uma desinteressada comunhão espiritual. Os sofistas fizeram do Saber uma profissão.
 
Eram nômades: Os filósofos antigos eram fervorosamente apegados a sua cidade natal tal como hoje em dia certas pessoas são apegadas a seus times de futebol. Era com muito pesar que os antigos saiam de suas cidades em busca de conhecimento que traziam de volta para ensinar seus concidadãos. Ou quando, geralmente por motivos políticos, estes eram exilados de sua cidade natal. Os sofistas por sua vez só se preocupavam em encontrar alunos onde quer que eles estivessem, desde que estivessem dispostos a pagar por seus conhecimentos.
 
Possuíam espirito livre: Nem tudo são espinhos. Eles foram uma influência extremamente benéfica à filosofia ao mostra desapego a qualquer Tradição, Religião, Comportamento, Cultura, Superstição, entre outras coisas, que fossem para seus alunos uma ancora que os mantivessem presos impedindo-os de crescer em conhecimento e sabedoria. Foram conhecidos, por conta desta peculiaridade, como os Iluministas Gregos.
 
Não constituíam um Bloco único de conhecimento: Para eles não importava provar um ponto de vista, seja qual fosse. Não montavam escolas ou doutrinas. Se preocupavam somente em ensinar seus alunos a defenderem os pontos de vistas que os alunos bem quisessem. Uma coisa era tão verdade quanto uma pessoa era capaz de defende-la.
 
“Tal como para cada coisa aparece para mim, tal ela é para mim; tal como ela aparece para ti, tal é para ti” (Protágoras de Abdera)
 
 
 
1 - Protágoras de Abdera, o humanista (490 a.C.-420 a.C.)
 
"Homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."
 
Nascido em Abdera, viajou o mundo como professor itinerante. Mudou-se para Atenas onde se tornou conselheiro de Péricles, governante da cidade estado, onde foi encarregado de escrever a constituição de Thuri, colônia de ateniense.
 
Era agnóstico, mas, com o passar do século seus sucessores iram passar de um agnosticismo para um ateísmo agressivo.
 
Protágoras ensinava legislação e retorica para qualquer um que pudesse pagar. Conta-se que foi o primeiro a aceitar pagamento por suas aulas. Seu objetivo era preparar alguém para debater e ganhar uma causa. Para ele todo argumento tem dois lados e ambos podem ser validos. Afirmava que podia “transformar o argumento mais fraco em mais forte” provando não o argumento, mas a persuasão do seu oponente.
 
Platão descreve-o reivindicando ensinar a “excelência” de bons conselhos nos assuntos familiares e públicos. Antes dos sofistas esse tipo de ensinamento era passado em casa pelos chefes das principais famílias gregas.
 
Como a política passou a ser feita nas assembleias e nos juris populares, a arte da oratória elevou-se a um preço cada vez mais alto, e os pretendentes a políticos pagavam qualquer preço para domina-la.
 
Tal frase expressa bem o relativismo tanto dos Sofistas em geral quanto o relativismo do próprio Protágoras. 
Se o homem é a medida de todas as coisas, então coisa alguma pode ser medida para os homens, ou seja, as leis, as regras, a cultura, tudo deve ser definido pelo conjunto de pessoas, e aquilo que vale em determinado lugar não deve valer, necessariamente, em outro.
 
 
“Para quem está com Frio, é Frio; para quem não está, não é”
 
Conta-nos Heródoto uma história: Certa vez, o rei Dario, perguntou aos gregos que estavam de passagem por sua corte se podiam ser induzidos por uma grande soma em riquezas a comer a carne do seus pais assim que falecessem, e eles responderam indignados que de nenhuma forma seriam induzidos a cometer tal ato. Dario chamou então um grupo de hindus que vivia em sua corte e lhes perguntou se podiam ser induzidos de alguma forma a NÃO comer a carne de seus pais falecidos e crema-los em vez disso, e eles começaram a gritar horrorizados em face a tamanha impiedade. Heródoto conclui que Píndaro estava correto a afirmar que: 
 
“O costume e soberano”.
 
Ao Colocar os seres humanos em seu centro, seguiu a tradição de retirar a religião do argumento filosófico e mudou o foco da filosofia da compreensão da natureza do universo para a investigação do comportamento humano. Para ele nada era inerentemente bom em si. Algo é Ético ou certo apenas porque uma pessoa o julga assim. 
 
“Sou incapaz de atingir o conhecimento em relação as divindades, de saber se existem ou não existem, ou de conhecer sua natureza essencial. Entre os muitos fatores que me impedem de conhecer, estão a obscuridade do assunto e a brevidade da vida humana”
 
Assim como Sócrates, Protágoras foi acusado de ateísmo, seus livros foram queimados em uma praça pública, fugiu de Atenas, estabelecendo-se na Sicília, onde morreu aos setenta anos.
 
 
 
2 - Górgias de Leontini, o niilista (485 a.C.- 380 a.C.)
 
“O ser não existe, ou seja, existe o nada”
 
Discípulo de Empédocles, embora tenha sido apenas alguns anos mais jovem que este. Aos 60 anos de idade Górgias foi mandado para Atenas com a função de embaixador a fim de defender uma causa de sua cidade natal contra Siracusa. Sua oratória cadenciada maravilhou tanto os atenienses que acabou criando uma nova moda na eloquência publica, e obtendo tanta notoriedade favorável que pode radicar-se cidadão de Atenas e dar uma serie de lucrativos cursos de retorica.
 
Seu irmão Herodico era médico e o chamava sempre que precisava convencer seus pacientes mais receosos a passarem por um tratamento cirúrgico. Para Górgias era uma demonstração de como a “arte da persuasão” era benéfica.
 
“Nada Existe;
 
Mesmo que qualquer coisa existisse não poderia ser conhecida pelo homem;
 
Mesmo que algo pudesse ser conhecido não poderia ser expressado a outra pessoa”
 
Segundo ele, cada homem está confinado em seu mundo individual aparentemente existente apenas para si próprio.
 
“Não e fácil recordar o passado, ponderar o presente ou adivinhar o futuro. Sendo assim, na maior parte dos assuntos, a maioria toma a opinião como conselheira de seu espirito. Mas, sendo incerta e insegura, a opinião protege aqueles que confiam nela com formas de satisfação também incertas e inseguras”
 
“Como aluem poderia expressar com palavras o que vê? Ou como isso poderia tornar-se manifesto para quem o escuta sem tê-lo visto? Com efeito, assim como a vista não conhece sons, o ouvido não ouve as cores; e diz certo quem diz, mas não diz uma cor nem uma experiência”
 
Górgias teria vivido mais de cem anos. Conquistou uma riqueza considerável, suficiente para que ele encomendasse uma estátua de ouro de si mesmo para um templo público. Morreu em Lárissa, na Tessália, em 380 a.C
 
 
 
3 - Antifon de Ramnunte, o igualitário (480 a.C.- 411 a.C.)
 
“Tempo e um pensamento ou uma medida, não uma realidade”
 
Antifon foi um estadista que fez da retórica sua profissão. Esteve sempre presente em assuntos políticos de Atenas, e, como defensor zeloso do partido oligárquico, foi o grande responsável pela criação do golpe de Estado dos Quatrocentos em 411; por ocasião da restauração da democracia, pouco tempo depois, Antifon foi acusado de traição e condenado à morte. 
 
“Deve-se seguir a lei da natureza e transgredir a dos homens quando se puder fazê-lo impunemente”
 
Ele pode ser considerado o criador da oratória política, mas ele nunca se dirigiu diretamente ao povo, exceto por ocasião de seu julgamento. Sua atividade principal era a de logógrafo, um profissional em escrever discursos. Escrevia para aqueles que se sentiam despreparados para defenderem seus próprios casos — todos os litigantes eram obrigados a fazê-lo.
 
“Aqueles que nasceram de pais ilustres nós respeitamos e honramos, enquanto que aqueles que vêm de uma casa medíocre nós nem respeitamos nem honramos. Assim nós nos comportamos como bárbaros uns para com os outros. Por natureza, nós todos somos iguais, tanto os bárbaros, quanto os gregos, têm uma origem inteiramente semelhante: ...  já que todos nós respiramos o ar pela boca e narinas e todos nós comemos com as mãos.”
 
O impulso igualitário desta declaração é inconfundível e está em harmonia com a tendência grega em ver a liberdade exigindo igualdade. Aristóteles, menciona isso como o consenso sobre a democracia, que defende a igualdade como uma forma de liberdade. Essa conjunção de igualdade com a liberdade seria aplicável tanto aos defensores da democracia, como Péricles ou seus adversários, como Platão
 
 
 
4 - Hípias de Elis, o matemático (460 a.C.- 400 a.C.)
 
Filosofo e Matemático possuidor de uma boa memória e dado a se gabar por ser o sofista que mais dinheiro ganhou com suas aulas. Hípias era contemporâneo de Sócrates. Criador da Mnemotécnica, Arte de cultivar a memória, ou facilitar a memorização de coisas. Platão e Xenofonte o descrevem de forma nada lisonjeira, uma pessoa cheio de si, que se considera profundo conhecedor de tudo, desde história e literatura, até artesanato e ciências. No entanto, deve-se levar em conta que Platão e Xenofonte eram totalmente contrários aos sofistas. Tanto Sócrates quanto o “pai dos sofistas’’ Protágoras tinham reservas com relação à matemática e as ciências.
 
 
 
5 – Pródico de Céos, o pessimista (470 a.C.- ?)
 
Veio a Atenas como embaixador de Ceos, e tornou-se conhecido como orador e professor. Assim como Protágoras, almejava treinar seus pupilos para assuntos domésticos e civis; mas enquanto Protágoras focalizava na retórica, Pródico fazia da ética disciplina proeminente em seu currículo. E em ética ele era um pessimista. Sócrates menciona, de forma meio que jocosa, que Pródico fora seu mestre. Platão satiriza-o em seus primeiros diálogos.
 
Sua visão a respeito da origem da crença nos deuses era notavelmente moderna. Ele propunha que o homem primeiro adorava as grandes forças que beneficiavam a humanidade como o Rio Nilo ou relâmpago (Zeus) do qual o Homem retirava o Fogo, e após este estágio inicial, os homens que haviam realizado proezas e serviços para a humanidade, ou seja, os deuses eram originalmente apenas heróis tradicionais que fizeram descobertas uteis. Demeter, deusa da colheita, seria na verdade a mulher que descobriu como plantar o trigo; Dionísio o descobridor do vinho; Poseidon um grande navegador; Hercules e Aquiles apenas grandes heróis. 
 
“Em virtude da vantagem que daí derivava, os antigos consideravam deuses o sol, a lua, as fontes e em geral todas as forças que influem sobre nossa vida, como, por exemplo, os egípcios fizeram com relação ao Nilo”
 
 
 
6 – Sócrates de Atenas (470 a.C. – 399 a.C.)
 
“Não confiem naqueles que elogiam todas as suas ações; mas naqueles que gentilmente reprovam suas falhas”
 
Nasceu em Atenas filho de Sofronico, um escultor respeitado, e Fenáreta, uma parteira. A Respeitabilidade do pai deu-lhe o direito de estudou com Arquelau a ciência Jônica, Aritmética, Geometria, Poesia Clássica Grega e Astronomia, além é claro de aprender com o pai o oficio de escultor. Foi Legionário, servindo com bravura como soldado de infantaria. Em Potidéia, na batalha de Delium (Guerra do Peloponeso), a vida de Alcebíades e carregou nos ombros a Xenofontes, gravemente ferido.
 
Após a morte de seu pai herdou o suficiente para dedicar-se inteiramente à meditação e ao ensino filosófico. Ensinava a qualquer um que o ouvisse, sem se importar com idade ou classe social. Sem recompensa alguma, não obstante sua pobreza. 
 
 “É mais rico aquele que se contenta com o mínimo, porque o contentamento é a riqueza da natureza”
 
Seus inimigos referiam-se a seu método como a “pratica sem fim”. Uma maneira de chamar de “conversa fiada”, o que conhecemos hoje como “O Método Socrático”.
 
Sofria de calvície, e tinha orgulho disso, quando mencionada sua calva ele dizia: 
 
“Em via muito ativa não nasce grama”
 
Solteiro durante a maior parte da vida, casou-se por volta dos 60 anos. Sua esposa Xantipa era uns 40 anos mais jovem que ele. Em diferente das mulheres gregas da época que eram submissas ao marido, Xantipa repreendia o marido publicamente. Conta-se que após uma briga, diante dos discípulos, ela despejou um jarro de agua suja em sua cabeça. Em resposta Sócrates disse aos discípulos: “geralmente chove depois do trovão”.
 
“Você pode descobrir mais a respeito de uma pessoa em um momento de brincadeiras do que em um ano de conversas” (Platão)
 
Na Grécia antiga a palavra “xantipa” virou sinônimo de “mulher insuportável”. Até Shakespeare se inspirou nela quando criou a peça “Megera Domada”.
 
“Como tenho a intenção de estar com todo tipo de pessoa, acho que nada do que possam fazer me perturbaria já que estou acostumado com os humores de Xantipa”
 
Influenciado pelos sofistas, apesar de oponente destes, fez do seres humanos, e não a natureza, o objeto de sua Filosofia. Instituiu o conhecimento como meta da vida Humana. Motivo pelo qual, entre os cidadãos contemporâneo, era identificado como um deles.
 
Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível de bom 
Sócrates julgava que servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos e temperados. Diversamente dos sofistas, que agiam para o próprio proveito e formavam grandes egoístas.
 
Querofonte, um amigo de Sócrates, foi ao Oráculo de Delfos perguntar se havia alguém mais sábio que ele. A Profetiza respondeu que não havia em toda Grécia alguém mais sábio que Sócrates. Ao saber disso ele se encorajou ainda mais a manter sua postura contra os sofistas, que julgava como falso sábios, um erro que se mostrou fatal.
 
Oraculo de Delfos
 
Todas as grandes figuras do movimento sofista cultuavam o habito de visitar Atenas naquela época, e Sócrates costumava procurá-los e derrota-los em seu próprio jogo de debate e argumentação. 
 
“Sou o mais sábio vivo, porque sei que nada sei”
 
Como alguém que proclamava a própria ignorância, obviamente não podia apresentar-se na qualidade de professor que angariava alunos dispostos a pagar, como ocorria entre os sofistas, mas um círculo de discípulos reunia-se em torno dele porque admiravam seu espírito penetrante e considerava sua conversa estimulante e instrutiva. Ele imaginava que poderia prestar um melhor serviço ao Estado levando os jovens aristocratas a pensar sobre questões mais importantes como Moral, Virtude e Ética. Insatisfeito com as “respostas” que a religião, astronomia e a matemática podiam fornecer, ele encorajou seus seguidores a questionar os deuses, seus valores e a si próprios.
 
“Para encontrar a si mesmo, pense por si mesmo”
 
Homens mais idosos também juntavam-se a essas discursões, muitos com fama de bons conselheiros e sábios, sendo muitas vezes posto à prova ou refutados pela dialética socrática. Acabando estes a se sentirem muitas vezes humilhados diante dos jovens, o que contribuiu para o acumulo de antipatia e suspeitas sob Sócrates.
 
A liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude critica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular e inimizades pessoais, muitos por sinal. Esse estado de animo hostil a Sócrates tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito, e Licon.
 
 
Sua Acusação:
 
Corromper a juventude e de não adorar os deuses estabelecidos pela pátria. A acusação foi acolhida sob a rubrica de heresia. Lembrando que Anaxágoras e Protágoras foram perseguidos e acusados pelo mesmo dispositivo legal.
 
Apesar de acusado de ateísmo, o que não era verdade, o real cunho de sua acusação era político. Foi levado ao conhecimento que ele tinha relacionamento com dois conhecidos inimigos da república: Alcebíades e Critias. 
 
 
Em sua Defesa disse: 
 
“Não faço nada além de persuadir vocês todos, tanto jovens como velhos, a não tomar o pensamento pelas pessoas ou pelas propriedades; mas, e principalmente, tomar cuidado com o maior aperfeiçoamento da alma. Digo-lhes que a virtude não é dada pelo dinheiro, mas que da virtude vem o dinheiro e todos os outros bens do homem, tanto públicos como privados. Essa é minha lição e, se esta é a doutrina que corrompe a juventude, sou uma pessoa perversa”
 
“Porque temer uma eternidade no paraíso ou porque temer o Nada???”
 
 
Sendo cogitado que se abandonasse os ensinos seria tratado com clemencia, ele respondeu: 
 
“Nunca abandonarei o hábito de filosofar. Continuarei a exortar abertamente as pessoas que encontrar, usando minha linguagem habitual: ‘Meu caro senhor; você é um ateniense, um cidadão da maior e mais famosa de todas as cidades por sua sabedoria e por seu poder. Você não se envergonha de estar preocupado com seu dinheiro e com a maneira e aumentá-lo, e com sua reputação e honra, em vez de ter cuidado e preocupação com o conhecimento do bem e da verdade e com a maneira de melhorar sua alma?’ E se algum cidadão responder que tem esses cuidados, não deixarei sair repentinamente e ir embora; ao contrário, interrogá-lo-ei e o refutarei”
 
“Uma vida sem questionamentos não vale a pena ser vivida. Fazer o que é certo é o único caminho a bondade, e a introspecção e o autoconhecimento são os caminhos para se aprender o que é certo”
 
“Vocês me deixam a escolha entre duas coisas: uma que eu sei ser horrível, que é viver sem poder passar meus conhecimentos adiante. A outra, que eu não conheço, que é a morte ... escolho pois o desconhecido!”
 
A contagem dos votos foi estreita 260 a 241. Sendo considerado Culpado.
 
 
Após a sentença de morte: 
 
“Morrer é melhor que trair a si mesmo. Embora sua voz individual pudesse ser extinta, os filósofos continuariam a filosofar.”
 
"Eu predigo-vos portanto, a vós juízes, que me fazeis morrer, que tereis de sofrer, logo após a minha morte, um castigo muito mais penoso, por Zeus, que aquele que me infligis matando-me. Acabais de condenar-me na esperança de ficardes livres de dar contas da vossas vida; ora é exatamente o contrário que vos acontecerá, asseguro-vos (...) Pois se vós pensardes que matando as pessoas, impedireis que vos reprovem por viverem mal, estais em erro. Esta forma de se desembaraçarem daqueles que criticam não é nem muito eficaz nem muito honrosa."
 
A todos os cidadãos, principalmente heróis de guerra, era dado o direito de propor a pena alternativa de Exilio, fato que era esperado por seus opositores, ninguém quer um mártir. Porem ele se recusou. Disse que preferia morrer em Atenas a viver fora dela.
 
Sócrates deixou os juízes e foi para a prisão. Sócrates ficou preso durante 30 dias em que recebeu os seus amigos e conversou com eles. Uma manhã o discípulo Criton preparou e propôs a fuga ao Mestre, porém Sócrates recusou, declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os amigos. Especialmente famoso é o diálogo sobre a imortalidade da alma que se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão no Fédon.
 
Às vésperas de sua Xantipa, vendo a perspectiva de ter que criar seus 3 filhos sozinha, chorou copiosamente durante uma de suas visitas. Sócrates pediu a seu discípulo Criton que a levasse para casa junto com as demais mulheres presentes. Ele acreditava que o leito de morte não era o lugar para o luto.
 
Após 3 dias a proposta de Críton, deu-se o dia da execução. Estiveram presentes todos os amigos de Sócrates excepto Aristipo, Xenofonte (estava na Ásia) e Platão (estava doente), Xantipa e seus filhos. 
 
Recusou ser vestido depois de morto por uma rica túnica que Apolodoro lhe havia trazido, preferia o seu manto que havia sido suficientemente bom até ali e que continuaria a sê-lo depois da sua morte. Passou os seus últimos momentos a conversar sobre a imortalidade da alma. Tomou um banho, e antes que o sol tivesse inteiramente desaparecido no horizonte pediu o veneno. Críton argumentou proferindo que Sócrates ainda tinha tempo pois o sol ainda ia sobre as montanhas. No entanto Sócrates não quis adiar o inevitável uma vez que não valia apena economizar quando já não lhe sobrava mais nada. Pediu o veneno e pegou na taça de cicuta com uma mão firme e bebeu sem desgosto nem hesitação até ao fundo.
 
“Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses”
 
 
Após beber o cálice de Cicuta lagrimas começaram a correr pelos rostos dos amigos presentes. Ele disse: 
 
“Vocês estão estranhos; o que há de errado com vocês? Tirei as mulheres daqui por esse motivo, para que não fizessem uma cena. Ouvi dizer que um homem deve morrer em silencio. Então, por favor, fiquem quietos e se controlem”.
 
Caminhou para que p veneno se espalhasse, quando sentiu as extremidades se entorpecerem deitou-se. Dirigiu suas últimas palavras para Criton: “Somos devedores de um galo a Asclépio; pois bem pagai a minha dívida, pensai nisso". 
 
Críton ainda lhe perguntou se não teria mais nada a dizer, mas estas foram as suas últimas palavras. Sócrates após um último sobressalto morreu e o seu amigo Críton fechou-lhe os olhos. Foi assim assassinado pela Pátria em seu septuagésimo primeiro ano de vida.
 
"O processo e a condenação de Sócrates testemunham o perigo que a ignorância faz correr ao saber, que o mal faz correr à virtude. Mas este perigo não é senão aparente, pois, na realidade, é o justo que triunfa dos seus carrascos. Se bem que seja vítima deles, o triunfo de Sócrates sobre os seus juízes data do dia da sua execução."(Jean Brun)
 
 
Método Socrático
 
“Eu não posso ensinar nada a ninguém. Eu posso apenas fazê-lo pensar”
 
Sócrates autodenominava seu método como telenchus (analise cruzada). Ele adotava sempre o dialogo, que revestia uma dúplice forma.
 
No início Sócrates, assumia humildemente a atitude de quem aprende e ia multiplicando as perguntas até colher o adversário presunçoso em evidente contradição e constrange-lo a confissão humilhante de sua ignorância. O que chamou-se Ironia, que é, ao pé da letra, a arte de interrogar. Sócrates, de fato, faz perguntas e sempre dá a impressão de buscar uma lição no interlocutor. Aborda com humildade os sofistas inflados de falso saber. 
 
Depois que o adversário demonstra a ignorância do assunto, geralmente obrigando-o a admitir tal ignorância, ele multiplicava ainda as perguntas, dirigindo-as agora ao fim de obter, por Indução, um conceito, uma definição geral do objeto em questão. 
 
Sócrates não pretendia ensinar coisa alguma, não quer comunicar um saber que não possuiríamos. Ajuda-nos somente tão somente a refletir, tomar consciência dos nossos próprios pensamentos. Muitas vezes, ele se comparava à sua mãe, que era parteira. Nada ensinava e limitava-se a partejar os espíritos, ajuda-los a trazer à luz o que já trazem em si mesmos. Tal é a Maiêutica. 
 
Segundo ele, o objetivo da ciência não é o sensível, o particular, o individual; o objetivo é o inteligível, o Conceito. Esse conceito ou ideia geral obtém-se por meio desse processo dialético.
 
“O verdadeiro conhecimento consiste em saber que você nada sabe”
 
"O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo" (Freud)
 
Na opinião de Sócrates, o verdadeiro “estadista” era aquele que fazia o povo “mais rico” no sentido moral e não no sentido material. A maneira dele filosofar era uma forma de confrontação intelectual e moral, uma exortação constante para preocupar-se com a verdade e melhorar a alma. Seu método era a conversação e seu primeiro objetivo era a refutação do erro. Depois disso, ele podia trabalhar no sentido de instilar um senso verdadeiro de valores nos ouvintes.
 
O “método socrático” era geralmente negativo em termos de resultados. Normalmente conduzia a um impasse com nenhuma hipótese possível deixada no “campo de batalha”, ficando os contestadores reduzidos a perplexidade. Sócrates buscava tal resultado, pois para ele essa era a melhor maneira de se livrar o espirito de opiniões falsas e prepara-los para as verdadeiras. Mas isso também contribuiu para levar Sócrates a ganhar fama de cético. 
 
 
Resumo da Doutrina Socrático
 
Ele tinha uma concepção muito elevada da natureza da divindade, e sendo assim, à semelhança de Xenofones, criticou duramente o fato da mitologia grega ter descrito os deuses de forma tão imoral. Essas críticas eram encaradas como um ataque à própria religião, e essa circunstância falou contra ele em seu julgamento.
 
Em Teodicéia, estabelece a existência de Deus:
- Tudo que é adaptado para um fim é efeito de uma inteligência
- Se o homem é inteligente, também deve ser inteligente a causa que o produz
- A lei natural supõe um ser superior ao homem, um legislador, que a promulgou e sancionou.
 
Deus não somente existe, mas é também Providencia, governa o mundo com sabedoria e o homem pode propicia-lo com sacrifício e orações. Apesar destas doutrinas elevadas, ele aceita em muitos pontos os preconceitos da mitologia corrente que ele aspira reformar.
 
Ele também falava muito de seu “Daemon” que era como uma voz interior advertindo-o para abster-se de certas ações. Daemon (δαίμων, tradução “espírito"), seria uma entidade semelhante aos gênios da mitologia árabe. Um mesmo daemon pode apresentar-se "bom" ou "mau" conforme as circunstâncias do relacionamento que estabelece com aquele ou aquilo que está sujeito à sua influência.
 
No plano teleológico, os gregos falavam de eudaemons (EU significando "bom", "favorável") e kakodaemons (KAKOS significando "mau"). Por isso, a palavra grega que designa o fenômeno da felicidade é Eudaemonia. Ser feliz para os gregos é viver sob a influência de um bom daemon. Assim é a forma como Sócrates se refere a seu daemon. Mileto, um de seus acusadores, usou esse “novo daemon” de Sócrates para acusa-lo de criar “novas entidades divinas”
 
“A razão é aquela que muitas vezes e em diversas ocasiões ouvistes dizer, ou seja, que em mim verifica um daemon, precisamente aquilo que Mileto, jocosamente, escreveu em sua acusação: é como uma voz que faz ouvir dentro de mim desde quando era menino e que quando se faz ouvir, sempre me detém de fazer o que estou pronto para fazer, mas que NUNCA me exorta a fazer algo”
 
Esse daemon muito foi analisado através da história. O Fato deste nunca lhe ordenar a fazer nada, mas lhe vetar, foi sempre o ponto focal que levou Filósofos, Teólogos e Psicólogos a conclusões diversas.
 
Uns o chamaram de Consciência; outros que se tratasse de um Gênio (Mitologia Árabe); sendo espirito a tradução literal para daemon, teólogos chegaram a acreditar numa influência do próprio Espirito Santo; os psicanalistas afirmam que Sócrates denominava de daemon o que Freud chamou de superego. 
 
Do nome em latim dæmon, que veio a dar o vocábulo em português demônio.
 
Em Psicologia, Sócrates professa a espiritualidade e a imortalidade da alma, distingui as duas ordem de conhecimento, sensitivo e intelectual, mas não define o livre arbítrio, identificando a vontade com a inteligência.
 
“Conhece-te a ti mesmo” – Essa máxima gravada no frontão do templo de Delfos, é a palavra chave do humanismo socrático – isto é, torna-te consciente de tua própria ignorância.
 
Graças a ele a filosofia passou a ser aplicada aos interesses humanos, valores e sonhos. Ele deu-nos novos meios para procurar a verdade; e, assim, fez da Filosofia uma verdadeira Arte. Nada mal para um Sujeito que afirmava nada saber.
 
“Muitos, sem ter aprendido a razão, vive segundo a razão” (Demócrito)
 
 
 
MAXIMAS DE SOCRATES
 
“Va devagar ao começar uma amizade, mas quando estiver dentro, continue firme e constante”
 
“Apenas aquele que é extremamente ignorante ou extremamente inteligente pode se ressentir das mudanças”
 
“O caminho mais curto e mais seguro para viver com honra no mundo é ser na realidade o que aparentamos ser; todas as virtudes humanas crescem e fortalecem em si mesmas pela pratica e experiência delas”
 
“Eles não são preguiçosos que nada sabem, mas são preguiçosos que devem ser melhor empregados”
 
“Alguns tem coragem nos prazeres; outros, nas dores; alguns, nas alegrias; outros, nos medos; e alguns são covardes sob as mesmas condições”
 
“A vida do homem é como uma gota que cai numa folha”
 
“Seja de que maneira for, case-se. Se conseguir uma boa esposa, vai ser feliz; se conseguir uma péssima, vai se tornar um filosofo. O que é uma coisa boa para qualquer homem.”
 
“Nada deve ser preferido à justiça”
 
“Beleza é uma Tirania de vida curta”
 
“Seja o que você deseja parecer”
 
“Tu deves comer para viver, e não viver para comer”
 
“Não sou um ateniense, nem um grego, mas um cidadão do mundo”
 
"Ninguém faz o mal voluntariamente"
 
 
SOCRATICOS MENORES
 
 
Cínicos 
 
Um grupo de socráticos que possuía uma abordagem radical em relação a vida e a filosofia. A palavra cínico vem da palavra grega para “cão”. Assim chamado pela liberdade de expressão que utilizavam ser mais similar a animais que a humanos segundo as convenções da época. Foram um testemunho vivo de uma filosofia de não-conformismo. Eram homens sábios errantes e cômicos sarcásticos, provocando diversão às custas da hipocrisia da sociedade. Os Estoicos, uma filosofia mais formal, abraçou muitos dos princípios dos estranhos Cínicos.
 
 
 
7 – Antístenes, de Atenas (445 a.C. - 365 a.C)
 
Fundador da escola Cínica. Foi um filósofo grego, pupilo de Sócrates. Aprendeu retórica com o Sofista Górgias antes de se tornar um ardente discípulo socrático. Viajava Grandes distancias para ouvir os discursos de Sócrates. Adotou e desenvolveu o lado ético dos ensinamentos de seu mestre, advogando uma vida ascética, vivida de acordo com a virtude. Era filho de um ateniense com uma escrava trácia, por isso, não tinha nem o título nem o direito de cidadão ateniense.
 
Em sua juventude lutou na Tânagra (426 a.C.). Ficou ao lado de Sócrates até sua condenação e morte. Nunca perdoou os responsáveis pela perseguição de seu mestre, e ao que se sabe teve um papel instrumental na punição destes. Sobreviveu à Batalha de Lêuctra (371 a.C.), e teria comparado a vitória dos tebanos a um grupo de alunos escolares espancando seu professor. 
 
Diógenes Laércio afirma que suas obras ocupavam dez volumes, porém hoje em dia só restam poucos fragmentos. Destacou sobretudo a extraordinária capacidade pratica-moral de Sócrates, como a capacidade de bastar-se a si mesmo, a capacidade de autodomínio, a força de animo, a capacidade de suportar o cansaço. Seu estilo favorito parece ter sido os diálogos, alguns deles ataques contundentes a contemporâneos, como Alcibíades, na segunda de suas duas obras chamadas Ciro, Górgias em seu Arquelau, e em seu Satão, opôs-se duramente à lógica metafisica que Platão imprimiu ao socratismo em seu Satão. Teopompo chegou a dizer que Platão teria roubado diversas de suas ideias. Cícero o chama de "um homem mais inteligente do que culto" (“homo acutus magis quam eruditus”). 
 
Radicalizou o qutodominio socrático, a capacidade de dominar prazeres e dores. O prazer – que para Socrates não representava nem Bem nem Mal – torna-se para Antistenes mal absolutamente, do qual deve-se fugir sempre e de qualquer modo.
 
“Eu preferia enlouquecer a sentir prazer”
 
“Se eu pudesse ter Afrodite ao meu alcance, eu lhe daria uma flechada”
 
Para ele “a falta de gloria e fama é um bem”. O Sábio não deveria viver segundo as “leis da Cidade”, leis que mataram seu mestre Sócrates, mas sim viver sob as “leis da Virtude”, devesse ter em conta que os deuses são muitos “para a ei da Cidade”, mas que há somente um único Deus “segundo a natureza.
 
Em sua obra sobre a filosofia natural (Physicus) continha uma teoria sobre a natureza dos deuses, onde Antístenes argumentava que existiam diversos deuses nos quais as pessoas acreditavam, porém apenas um Deus natural. Também afirmou que Deus não lembrava em nada qualquer coisa existente na Terra, e que portanto não poderia ser compreendido a partir de qualquer representação sua.
 
Tinha uma força considerável de sarcasmo e ironia, e tinha o hábito de fazer trocadilhos, como dizer, por exemplo, que “preferia ficar entre corvos (korakes) do que bajuladores (kolakes), pois os primeiros devoram os mortos, e os segundos os vivos”
 
Fundou sua escola no Cinosarges, um ginásio destinado a atenienses filhos de mães estrangeiras, situado próximo ao templo de Héracles. Ele era um jovem pobre com barba desalinhada e vestia-se com trapos. O perspicaz Sócrates afirmou que Antístenes era narcisista ao reverso e afetado. Os cínicos que seguiram Antístenes também simulavam um comportamento sujo. 
 
 
 
8 – Diógenes de Sinope ou Diógenes, o Cão (412 a.C. – 323 a.C.)
 
“O cachorro tem a alma do Filosofo” (Platão)
 
Diógenes de Sinope foi exilado de sua cidade natal e se mudou para Atenas, onde tentou desesperadamente ser discípulo de Antístenes, que inicialmente o expulsou de sua casa a bengalada. Depois de muita teimosia e insistência foi aceito a congregação dos cínicos.
Tornou-se um mendigo vestindo túnicas rasgadas, pedindo comida, nas ruas de Atenas, fazendo da pobreza extrema uma virtude; diz-se que teria vivido num grande barril, seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela, sendo ele conhecido como Cinos, o cão, pela forma como vivia.
 
Os modernos termos "cínico" e "cinismo" derivam da palavra grega "kynikos", a forma adjetiva de "kynon", que significa "cão". Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente de maneira hipócrita e poderiam ter proveito ao estudar o cão. Este animal é capaz de realizar as suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, comerá qualquer coisa, e não fará estardalhaço sobre em que lugar dormir. Os cães, como qualquer animal, vivem o presente sem ansiedade e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, estes animais aprendem instintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferentemente dos humanos, que enganam e são enganados uns pelos outros, os cães reagem com honestidade frente à verdade.
 
Ele lutou toda a vida contra costumes e tradições do mundo grego. Sua filosofia professava que o que é natural não pode estar errado. Ele usou essa premissa como desculpa para peidar, urinar, defecar e até se masturbar em público. 
 
Tinha o Habito de perambular pelas ruas carregando uma lamparina, durante o dia, alegando estar procurando por um homem honesto. 
 
Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo que perpetuou a indiferença cínica perante os valores da sociedade da qual fazia parte. Desprezava a opinião pública. 
 
Um dia Diógenes foi visto pedindo esmola a uma estátua. Quando lhe perguntaram o motivo de tal conduta ele respondeu "por dois motivos: primeiro é que ela é cega e não me vê, e segundo é que eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem depender de alguém."
 
A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria pois isto impedia a autossuficiência. A virtude - como em Aristóteles - deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude.
 
Em relação a temática do casamento Diógenes refuta o modelo familiar grego afirmando que as esposas deveriam ser mantidas em comum, não reconhecendo nenhuma legitimidade em qualquer união baseada na coerção, mas somente nas relações que se baseiem na persuasão entre pares. 
 
“O casamento nunca é bom para um homem, e devemos nos dar por satisfeitos se não fizer nenhum mal”
 
Diógenes é tido como um dos primeiros homens (antecedido por Sócrates com a sua célebre frase "Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo.") a afirmar, "Sou uma criatura do cosmos, e não de um estado ou uma polis particular", manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo.
 
Diógenes parece ter escrito tragédias ilustrativas da condição humana e também uma República que teria influenciado Zenão de Cítio, fundador do estoicismo. De fato, a influência cínica sobre o estoicismo é bastante saliente.
 
Quando velho esteve num navio capturado por piratas e foi posto à venda como escravo. Durante o Leilão, anunciou que era um líder nato, então deveria ser comprado por alguém que desejasse ter um mestre. Um homem rico e com boa educação chamado Xeníades achou isso hilário e efetuou a compra. Logo ele pôde constatar a inteligência de seu novo escravo e lhe confiou tanto a gerência de seus bens quanto a educação de seus filhos.
 
Estabeleceu-se em Corinto, onde continuou a buscar o ideal cínico da autossuficiência: uma vida que fosse natural e não dependesse das luxúrias da civilização. Por acreditar que a virtude era melhor revelada na ação e não na teoria, sua vida consistiu duma campanha incansável para desbancar as instituições e valores sociais do que ele via como uma sociedade corrupta.
 
Viveu até os 90 anos A associação de Diógenes com os cães foi rememorada pelos Coríntios, que erigiram em sua memória um pilar sobre o qual descansa um cão entalhado em mármore de Paros sob seu tumulo.
 
Contasse que Alexandre, o Grande, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para a Alexandre, disse: "Não me tires o que não me podes dar! Deixa-me ao meu sol". Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes."
 
 
 
9 – Aristipo de Cirene (435 a.C. – 356 a.C.)
 
Fundador da escola Cirenaica. Após uma vida rica e agitada em Cirene, viajou a Atenas para aprender com Sócrates. Como já vimos, Sócrates não considerava o prazer nem Bem ou Mal. Mas Aristipo fixou-se na ideia que Prazer é sempre um Bem. Em suma ele se tornou um verdadeiro Hedonista, em claro contraste ao socratismo.
 
Outro ponto de contraste se encontra no fato de ser o primeiro socrático a cobrar pelo ensinamento como os faziam os Sofistas. Sendo chamado de Sofista por contemporâneos e outros filósofos da Antiguidade. Ganhou a vida lecionando e escrevendo na corte de Dionísio de Siracusa. Chegou a ponto de tentar enviar dinheiro a Sócrates, com o resultado que qualquer um pode muito bem imaginar.
 
Assim como os sofistas pregava que o ensinamento não devia tornar ninguém servo ou senhor de nenhuma polis (Cidade). Mas que dever-se-ia viver como um “forasteiro em toda parte” e em consequência disto.
 
Em resumo Aristipo não podia estar em mais estridente contraste com a posição de Sócrates, que pôs o seu serviço em favor de sua cidade e morreu para permanecer fiel a sua polis.
 
 
 
10 – Euclides de Mégara (435 a.C. – 365 a.C.)
 
Fundador da escola de Mégara. Discípulo muito apegado a Sócrates. Quando as relações entre Atenas e Mégara se deterioraram a ponto dos atenienses decretarem pena de morte a qualquer cidadão de Mégara fosse encontrado na cidade, ele passou a vestir a se disfarçar com roupas femininas e entrar após ao anoitecer só para poder aprender com seu mestre.
 
Sua filosofia foi uma mescla entre o pensamento de Sócrates e o de Parmênides de Eléia. O Bem é o Uno, e este é concebido segundo as características eleaticas de identidade e igualdade. Tudo o que fosse contrário ao Bem, era entendido como ilusório ou inexistente. (Ser e Não-Ser)
 
 
 
11 – Fédon de Elis (Nascido no fim do séc V)
 
Fédon era um nativo de Elis de uma família nobre. Foi preso em sua juventude, e passou para as mãos de um traficante de escravos ateniense, sendo de grande beleza pessoal, acabou sendo obrigado a prostituir-se. Na ocasião em que ele foi feito prisioneiro era, sem dúvida, a guerra entre Esparta e Elis, em os atenienses eram aliados dos espartanos em 401 a.C.
 
Após dois anos de cativeiro Fédon teve acidentalmente uma conversa com Sócrates, tendo este se admirado com a sabedoria do rapaz. De acordo com Diógenes Laércio ele foi resgatado por um dos amigos de Sócrates. Desde então dedicando-se à filosofia.
 
Vários relatos mencionam Alcibíades, Críton, ou Cebes como a pessoa que o resgatou. Cebes afirma ter se tornado amigo de Fédon, e tê-lo instruído em filosofia. Fédon estava presente na morte de Sócrates em 399 a.C., e era jovem o suficiente para Sócrates a acariciar seu cabelo, que foi usado por muito tempo no estilo espartano.
 
Fédon, o menos original dos socráticos menores, porém, amigo de Platão, a quem este dedicou o seu mais belo diálogo.
 
Fédon parece ter vivido em Atenas por um curto período de tempo após a morte de Sócrates. Ele então retornou para Elis, onde fundou uma escola. Ela teve breve duração. A Fédon sucedeu Plisteno, nativo da mesma cidade. Mas, uma geração mais tarde, Menedemos, proveniente da escola megarense, recebeu a herança da escola de Élida e mudou-a para Erétria, imprimindo-lhe à analogia hedonista da escola megarense.
 
 
 
12 – Xenofonte de Erquia (430 a.C. – 355 a.C.)
 
Filho de Grilo, originário de Erquia, uma colônia de Atenas, foi soldado, mercenário e discípulo de Sócrates. É conhecido pelos seus escritos sobre a história do seu próprio tempo e pelos seus discursos de Sócrates. Foi mais um Historiador do que um Filosofo.
 
Xenofonte era originário de uma família rica e influente em Atenas. Como tal, participou nos recontros finais da Guerra do Peloponeso incorporado nas fileiras da aristocrática cavalaria ateniense.
 
Estrabão conta que, após uma derrota ateniense em que Sócrates e Xenofonte haviam perdido seus cavalos, Sócrates encontrou Xenofonte caído no chão, e carregou-o por vários estádios, até que a batalha terminou.
 
Xenofonte parece ter estado alinhado com o aristocrático governo dos Trinta Tiranos instalado por Esparta em Atenas após a derrota final desta cidade na Guerra do Peloponeso. A queda deste governo numa revolução ocorrida em 403 a.C. terá sido um importante fator motivador para que Xenofonte se juntasse à expedição de Ciro.
 
Xenofonte diz que se aconselhou com o veterano Sócrates se deveria ou não ir com Ciro, e Sócrates indicou-lhe o oráculo de Delfos. Sua pergunta ao oráculo, no entanto, não foi de aceitar ou não o convite de Ciro, mas "para qual dos deuses deveria rezar e prestar sacrifício, para que pudesse completar sua pretendida jornada e retornar em segurança, com bons resultados". O oráculo lhe disse para quais deuses. Quando Xenofonte retornou a Atenas e contou para Sócrates o conselho do oráculo, Sócrates o repreendeu por fazer a pergunta errada ao oráculo.
 
Na incursão de Ciro contra o imperador Persa, este utilizou muitos mercenários desempregados em função do fim da Guerra do Peloponeso. Ciro lutou contra Artaxerxes na Batalha de Cunaxa. Os gregos venceram, mas Ciro foi morto, e logo depois seu general, Clearco de Esparta, foi convidado a uma conferência de paz, traído e executado. Os mercenários, chamados de os Dez Mil, viram-se em um território hostil, próximo ao coração da Mesopotâmia, longe dos mares, e sem líderes. Elegeram novos líderes, incluindo o próprio Xenofonte, e combateram em direção ao norte contra persas, armênios e curdos, até a cidade de Trapezus na costa do Mar Negro, de onde navegaram para o oeste, retornando para a Grécia. Na Trácia, ajudaram Seuthes II tornar-se imperador. 
 
Xenofonte descreveu o caráter de Ciro, o Moço dizendo que "de todos os Persas que viveram depois de Ciro, o Grande, ele era o que mais se parecia com um rei e o mais merecedor de um império". 
 
Xenofonte foi posteriormente exilado de Atenas, provavelmente por ter lutado sob o comando do rei espartano Agesilau contra Atenas em Coroneia. (Entretanto, é possível que ele já tivesse sido exilado por sua participação com Ciro.) Os espartanos deram-lhe uma propriedade em Scillus, próximo à Olímpia em Elis, onde escreveu Anábase.
 
Seu filho Grilo comandou a cavalaria ateniense, aliada dos espartanos, na Batalha de Mantineia, enquanto Xenofonte ainda estava vivo, por isso, é possível que seu exílio tenha sido revogado. Xenofonte morreu em Corinto ou Atenas
 
Em seu tratado sobre equitação, ele propôs um método de treinamento conhecido no mundo anglo-saxão hoje em dia como "horse whispering" (literalmente: cochichar no ouvido do cavalo), um método que procura ganhar a simpatia do animal através do uso da psicologia eqüina.
 
 
 
13 – Platão (428 a.C. – 348 a.C.)
 
Seu verdadeiro nome era Aristócles. O nascimento mais prestigioso: Seus pais descendiam do último rei de Atenas e sua mãe descendente do grade estadista grego Sólon. Foi um jovem aristocrata que une seus dons intelectuais e físicos, 2 vezes coroado nos jogos atléticos; apelidado de “Platão” (Largo, Amplo) em virtude de suas costas largas. 
 
“A riqueza é o pai da luxuria e da indolência; 
a pobreza, da insignificância e do vício; e ambas, do descontentamento”
 
Foi inicialmente discípulo de Crátilo, um seguidor de Heráclito e, depois de Socrates durante aproximadamente os 10 últimos anos de vida do filosofo. Sócrates era amigo de seus parentes próximos Crítias e Carmides. Platão deve tê-lo conhecido desde a infância, e ter estado em sua companhia diversas vezes. Porém, Sócrates já possuia 63 anos quando Platão a ele se une como discípulo. Platão, aristocrata jovem e belo, torna-se discípulo de um cidadão de origem modesta, velho e muito feio, seus olhos salientes e nariz achatado são celebres. E isto é significativo e simbólico; a verdade e a justiça não tem bom aspecto, pertencem a um mundo que não o das aparências.
 
“Você é jovem, meu filho, e conforme os anos passam, o tempo irá mudar e até mesmo reverter muitas das suas opiniões atuais. Abstenha-se assim, por um momento, preparando-se como um juiz, das mais altas questões”
 
Platão tinha 4 anos quando começou a guerra do Peloponeso e 31 quando terminou, com a derrota de Atenas. A destruição da frota, a peste, o arrasamento dos muros da cidade, mostram a importância da catástrofe. Platão vai sonhar com a reconstrução de uma cidade, mas uma cidade cuja potência é antes moral e espiritual do que material, uma cidade que seja a encarnação da justiça.
 
“E o maior castigo consiste em ser governado por alguém ainda pior do que nós, quando não queremos ser nós a governar”
 
Na Atenas vencida, o jovem Platão é convocado por parentes (Crítias e Carmides) e amigos a participar do governo autoritário dos Trinta Tiranos; ele se retrai, notara muitas injustiças e violências pretendida pelos Trinta. E enquanto ainda hesitava participar do grupo a junta dos Trinta foi deposta. Apenas para que 4 anos depois, a restaurada democracia, o deixasse estarrecido e desgostoso, ao matarem seu mestre, Sócrates.
 
“A democracia vira despotismo”
 
Aos 40 anos partiu de Atenas. Sua primeira parada foi em Taras (atual Tarento), onde se tornou amigo de um grande General chamado Arquitas. Alem de um Genial Matematico e Politico, Arquitas era membro da Ordem Pitagórica. Em muitos aspectos este pareceu a Platão o Rei Filosofo com quem a muito sonhara.
 
“As pessoas tem sempre um campeão no qual se espelhar e de nutrir de grandeza... Essa e nenhuma outra é a raiz da qual nasce um Tirano; quando ele aparece a primeira impressão é de um protetor.”
 
Parte de Taras e chega em Siracusa. Acaba encontrando um amigo e discípulo entusiasta na pessoa de Dion, cunhado do impiedosamente bem sucedido e novo tirano da cidade, Dionísio I. Este último, todavia, não se revelou muito adequado para se tornar o rei filosofo que Platão quisera fazer dele. Dionísio I Prendeu a Platão e o pôs em exposição no mercado de escravos da ilha de Egina para ser vendido. Resgatado por Anikeris de Citera por vinte minas, ele retornou a Atenas.
 
“O começo é a parte mais importante da Obra”
 
Com o conhecimento adquirido com Arquitas e com a confraria Pitagórica chegou à conclusão de que os estudos filosóficos não eram incompatíveis com a influência política. Se não podia ingressar na política a fim de criar um governo ideal, iria ensinar a seus discípulos como criar um. É então que funda sua escola de filosofia às portas da cidade, perto de Colona, nos jardins de Academos. 
 
“Na direção que a educação começa, um homem determinará sua vida futura”
 
Deve-se dizer que a Academia, que foi o protótipo de todos os colégios e universidades do mundo, era onde se ensinava matemática, filosofia e a arte de governar segundo a justiça. Sob grande influência dos pitagóricos Platão só admitia geômetras na Academia, sendo que no pórtico de entrada mandou colocar a Frase: “Não passe destes portões quem não tiver estudado geometria”. O ensino esotérico, também de influência pitagórica, dado por Platão a seus discípulos só nos é conhecido atualmente pelas críticas de Aristóteles.
 
“O preço que os homens bons pagam pela indiferença aos negócios públicos é serem governados pelos homens maus”
 
A Academia foi fundada por volta de 385 a.C. e teve uma vida ininterrupta até 529 d.C. quando foi fechada pelo imperador Bizantino Justiniano. Tendo um período de vida de mais de 914 anos, o segundo mais longo registrado por uma instituição de ensino (O maior pertence à Universidade de Al-Azar no Cairo que completou mais de 1040 anos, ainda em atividade). Os próximos 20 anos de sua vida foram dedicados à Academia e a criação de diálogos, dentre eles a Republica. Essa obra, que gira em torno do Rei-Filosofo, constituiu na realidade um programa para sua nova escola.
 
“Não há nada como o juramento de um apaixonado”
 
Após a morte Dionísio I, Dion convida Platão a voltar para Siracusa na qualidade de conselheiro de seu sobrinho e sucessor do trono, Dionísio II. O caráter desse novo governante era política e intelectualmente fraco. E ele ainda teve que enfrentar os opositores de Dion que acreditavam, e não sem razão, que este tencionava tomar o poder. Dion acaba no exilio e Platão retorna a Atenas. Dion retorna à frente de um exército mercenário que expulsam Dionísio. Governou por 3 anos até que acabou assassinado traiçoeiramente por um de seus próprios subordinados.
 
“O amor é uma doença mental grave”
 
A vida amorosa de Platão é um tabu dentro das salas de aula. Pouco se fala, mas é certo, que Platão era homossexual, sendo Dion de Siracusa o seu grande amor. Antes mesmo de Platão conhecer Dion, Sócrates chega a repreender seu discípulo de que nenhum relacionamento sério pode ser concebido entre dois homens. E Platão encarou esse ensinamento como verdade. Apesar de inúmeras correspondência por décadas entre ele e Dion, manteve-se o mais longe possível dele. Esse relacionamento amoroso a distância é o criador do termo “Amor Platônico”. Morrendo solteiro aos 81 anos de idade, porem com a pena na mão, lucido e intelectualmente ativo.
 
“A morte não é a pior coisa que pode acontecer a um Homem”
 
 
Mito da Caverna
 
Imagine que dentro de uma caverna escura um grupo de indivíduos que desde a infância estão acorrentados pelas pernas e pelos pescoços, de modo que não podem se mover do lugar nem olhar nada além do que está bem na frente deles. Atrás deles existe uma fogueira gigante. A única coisa que esses homens enxergavam são as sombras das coisas que eram postas entre a fogueira e a parede a sua frente. Sombras Tremulas, reflexos imprecisos e escuros. Essa era a realidade deles. Tudo que eles conheciam na vida.
 
A Maioria é desprovida de imaginação; outros são indiferentes e simplesmente aceitam a realidade sem especulação. Porem as mentes questionadoras observam os padrões e tentam entender seu mundo. Dão nome a essas sombras. São a única coisa que conhecem, sua única verdade.
 
Um dos prisioneiros é solto e guiado para fora. Cada movimento denota um grande sofrimento. Forçado a olhar para luz ele prefere virar-se para escuridão, pois a luz e ofuscante e lhe causa dor. Forçado a sair da caverna ele tem medo e tenta voltar. Mas é impedido e arrastado para a claridade de fora da caverna. Com o tempo, esse indivíduo ira acostumar seus sentidos com o novo ambiente e verá as coisas mais claramente: A paisagem, o céu, a agua, a luz do Sol.
 
Finalmente podendo ver o Sol, o verdadeiro e único. A fonte da Suprema de Luz. Ele o contempla. Medita sobre Ele. Percebe que Ele governa as estações, e que através de sua luz pode ver o que é verdadeiro e real nesse mundo. O que dentro de uma caverna, vendo sombras através de uma fogueira, isso era impossível.
Lembrando da caverna, de sua vida na escuridão, tem pena do seus companheiros que nunca puderam conhecer o mundo da verdade, iluminado pelo Grande e Poderoso Sol. Ele precisa voltar a caverna e contar a Verdade para seus antigos companheiros, precisa mostrar a mentira e as sombras de suas vidas, e falar sobre as coisas reais do mundo da Luz.
 
Quando retorna à caverna é a Escuridão que ofusca sua visão. Acostumado com a luz, desta vez é a Escuridão que o cega. Mesmo sem nada enxergar por conta dessa penúria, ele encontra e conta a seus antigos companheiros sobre as maravilhas do mundo lá de fora. As verdades sobre a Luz.
 
Qual será o resultados? Irão tentar fugir para ver esse mundo? Irão sair da escuridão para a Luz?
 
Seus companheiros que só viram as sombras na vida e acham que aquilo é a única realidade, olham para o fugitivo e o que veem é um homem que não consegue mais sequer discernir as sombras. O fugitivo, ainda cego pela escuridão da caverna, é visto como um ser ridículo e louco. E eles concluem que não vale a pena irem lá para fora.
 
O pobre “profeta” tira os grilhões que aprisionavam esses homens, e nem assim eles querem sair. Ele, desesperado para que eles vejam a luz, tenta arrastar um deles para fora. O resultado é fatal. Os seus antigos companheiros, com medo da verdade, com receio de que a Luz os deixem loucos, como ela deixará o fugitivo, se unem e o matam. E mesmo sem correntes, voltam a seus antigos lugares. Para contemplarem as suas “maravilhosas” sombras.
 
“O exercício corporal compulsório não faz mal ao corpo; mas o conhecimento que é obtido pela compulsão não é retido pela mente” 
 
 
 
Mito da Linha Dividida
 
 
 
Síntese esquemática para os opostos platônicos:
 
 
Mundo das Ideais e a Alma
 
Platão de certo modo, une Parmênides e Heráclito ao admitir a existência de 2 mundos: o mundo das ideias, imutável e eterno; e o mundo das aparências sensíveis, perpetuamente mutáveis. Acrescenta-se que o mundo das idéias é no fundo, o único mundo verdadeiro. O mundo das aparências, nada mais é que uma sombra do mundo das idéias.
 
O mundo das aparências é o que condena Sócrates à morte, é a cidade que vê triunfar a injustiça e a mentira é “um mundo ao inverso, um mundo de pernas para o ar”. Sócrates, porem, mostra pela tranqüilidade quase contente de sua morte, a existência de um mundo invisível, mostrando que, para ele, as idéias contam mais que a vida
 
Em Fedron ele descreve a alma como um ser eterno, de natureza espiritual, inteligível, e como uma espécie de anjo caído no mundo material, perdera suas asas, e introduzida num corpo humano mortal, como se este fosse uma prisão a qual tenta se libertar. E através das influencias espirituais e da filosofia será bem sucedia no recrescimento de suas asas, podendo enfim retornar ao lugar de Bem-Aventurança do qual foi apartado. Lembrando que, assim como os pitagóricos, Platão acreditava no retorno da alma, que ela somente se tornava apta a “voar” após várias vidas e provações.
 
“Você não pode conceber o muito sem nenhum”
 
A faculdade principal da Alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental: contemplável em que se realiza a natureza humana, e da qual depende totalmente a ação moral. E a Justiça é a hierarquia harmônica das três partes da Alma.
 
“Nenhum mal pode acontecer a um homem bom nem na vida nem após a morte”
 
 
Alma
 
 
“A alma do homem é imortal e imperecível”
 
 
 
 
“Nada humano é de séria importância”
 
 
Cosmologia
 
Elaborou uma teoria que fez do Espirito Divino a causa primordial do mundo, e os valores espirituais no amago da criação. Os céus, em sua opinião, proclamam os propósitos racionais de seu criador, cuja a obra constitui um “cosmo”, um todo único, ordenado, e belo, impregnado de vida e inteligência.
 
“É difícil descobrir o Deus criador deste universo, e ainda que alguém o encontrasse seria totalmente impossível explicar sobre ele”
 
O Mundo é esférico quanto forma, não é sujeito a qualquer tipo de dissolução e gira perpetuamente em seu eixo. Tanto o corpo como a alma são características essenciais do mundo, mas a alma é o parceiro mais antigo por sua linhagem superior. Esse mundo é uma entidade a tal ponto autossuficiente e nobre que deve ser como se fosse divino, planejado e modelado pelo Deus eterno. 
 
“A justiça reinará no dia em que os filósofos forem reis e no dia em que os reis forem filósofos”
 
 
Porque o Rei-Filosofo?
 
 
 
UTOPIA DE PLATÃO (Baseado em seu livro Republica)
 
A Menor Cidade possível é composta de: Um Agricultor, um Tecelão, um Sapateiro e um Carpinteiro. Com o tempo outros artesões se juntam ao grupo. A produção cresce, passando de uma comunidade de subsistência para uma de negociantes. Tal comunidade vai gerar por sua vez vizinhos agressores. Surge o problema de gerar segurança. Uma classe de “guardiões” deve ser criada e mantida para a defesa da cidade. A manutenção da ordem e pureza da cidade se daria através de um controle eugênico da população.
 
Chega-se a esse resultado através da educação. O Primeiro Grau da educação deve ser um oficio. Os filhos de “casais inferiores” devem ser retirados dos pais e criados em um local desconhecido e misterioso onde aprenderão os ofícios que o estado achar mais necessário. Os artesões não necessitam de educação especial porque as artes e ofícios são facilmente aprendidos com a pratica.
 
O estado então deve selecionar crianças com talento para o serviço de “guardião”, elas terão um segundo grau de educação, ginastico-muscular, com o objetivo de robustez, para a defesa do estado, até completarem 18 anos. Para essa classe Platão propõem uma comunhão total de bens, tanto de homens e mulheres, como de filhos, e a abolição de qualquer propriedade sobre bens materiais. E a Classe inferior (Artesões), detentora da riqueza, prove a classe dos guardiões de todas suas necessidades materiais.
 
Os Filhos dos casais “superiores” também são retirados de seus pais e educados às custas do Estado, sendo criados pela comunidade, com a comunidade e para a comunidade. Os pais não conheceriam seus filhos, nem os filhos seus pais. Essas crianças “superiores” chamariam todos os adultos de “mãe” e “pai” e os de idades próximas de “irmãs” e “irmãos”.
 
As mulheres não seriam esposas de ninguém, ou melhor, seriam esposas da comunidade. As mulheres “inferiores” só teriam autorização do estado para terem relação com “homens inferiores”. Mas sem um marido, ou parceiro fixo. A mesma regra se aplicando aos casais superiores.
 
Depois dos 18 anos os que receberam treinamento de guardião são novamente avaliados pelo estado e selecionados quais possuem as aptidões de liderança e comando. Estes ingressaram num terceiro grau de educação, com estudos árduos em geometria, astronomia, dialética, oratória e filosofia. Dos 30 ao 35 anos eles passariam pelos exercícios mais duros, que consistia o teste de dialética. Dos 35 aos 50 anos eles teriam que desempenhar diversas tarefas que os preparassem para assumir um cargo entre os governantes. E somente após os 50 anos ele se sagraria como membro da classe dos “governantes”.
 
A classe mais numerosa, os artesões, produzem e sustentam a economia da cidade e não participam do governo. Acima dela ficam os guardiões responsáveis pela defesa, proteção e segurança da cidade. Eles se reportam aos governantes que organizam a subsistência, prosperidade e defesa da cidade, que são de fato os Reis-Filósofos.
 
“Democracia... é cheia de variedade e desordem, dando igualdade para os iguais e para os desiguais da mesma forma”
 
O caráter totalitário é bem claro. Para Platão a cidade deve ser dirigida com mão de ferro. Mas existe alguns aspectos bem avançados e liberais. A mulher teriam as mesmas oportunidades de educação que os homens. Podendo estas galgar posição tanto de guardiãs como de governantes. Algo que é inconcebível até hoje em muitos lugares no mundo.
 
Toda mulher com menos de vinte anos ou mais de quarenta eram proibidas de procriar. Se por algum motivo desobedecessem a lei e engravidassem eram submetidas a um aborto. Não existia espaço para o romance na Utopia de Platão.
 
“Se é esperado que as mulheres façam as mesmas coisas que os homens, 
devemos ensinar-lhes as mesmas coisas”
 
 
 “Por seu método de filosofar, pôs diante da humanidade a clara conclusão de que a busca pela felicidade é a mesma coisa que a busca pela excelência moral” (Aristóteles sobre seu mestre Platão)
 
 
Máximas de Platão:
 
“Aquele de natureza calma e feliz dificilmente sentirá o peso da idade; mas para aquele de disposição oposta, a juventude e a idade são igualmente um fardo”
 
 
“A Filosofia é a Música mais elevada”
 
“Ignorância, a raiz e o fim de todo mal. Ao toque do amor, todos se transformam em poetas”
 
“Nunca desencoraje alguém... que continuamente progride, não importa o quão devagar ele seja”
 
“Os Homens sábios falam porque tem algo importante a dizer; os tolos, porque tem que dizer alguma coisa”
 
 
 
14 – Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)
 
“A simplicidade faz o ignorante mais efetivo que o educador, quando se dirige a um público popular” 
 
De família rica, e seu pai, Nicômaco (que morreu quando ainda era moço) ocupava o posto de medico do Rei Amintas II da Macedônia. A Profissão de seu pai ajuda a explicar seu interesse por biologia. Nasceu 14 anos após a morte de Sócrates, em Estagira (hoje Stravó), cidade obscura situada na Macedônia oriental (Trácia), originalmente uma colônia grega jônica, no litoral setentrional do mar Egeu.
 
“A educação é a melhor provisão na jornada em direção a velhice”
 
Aos dezessete anos foi para Atenas e ingressou na Academia Platônica, onde ficou vinte anos. Durante esse período na Academia conheceu o mais famoso cientista da época, Eudoxio. Platão mostrou sua admiração pela força intelectual apelidando-o de “cérebro”. Durante seus últimos anos na Academia, Aristóteles passou a dar suas próprias palestras, principalmente a respeito de retorica. Ele sempre demonstrou profundo respeito por Platão como ser humano, embora tenha chegado a criticar e rejeitar a teoria das Ideias. Após a morte do mestre a liderança da Academia foi tomada por Espeusipo, que valorizava demais a matemática e liderava a corrente filosófica mais distante das convicções de Aristóteles. Sendo assim, deixou a Academia, e Atenas.
 
“Os amigos e a verdade são ambos queridos, mas preferir a verdade é um dever sagrado. Platão é estimado por mim, mas mais estimado ainda é a verdade”
 
 
 
“A Marca de uma mente educada é a capacidade de cogitar um pensamento sem nunca aceita-lo”
 
“Não existe nada na mente que já não tenha passado pelos sentidos” (John Locke)
 
Junto com seu amigo de Academia Xenócrates, estabeleceu-se em Axo, onde fundou uma escola com os platônicos Erasto e Corisco, originários de Scepsis e conselheiros de Hérmias, Senhor de Axo. Ficou em Axo por 3 anos. Depois, impelido por Teofrasto, seu discípulo e sucessor, resolve visitar a Ilha de Lesbos (Terra natal de Teofrasto) com intuito de realizar estudos zoológicos.
 
“Todos os homens por natureza desejam o conhecimento”
 
A Ligação com a corte Macedônica pôs Aristóteles em contato com a dinastia que estava destinada a dominar a Grécia e transformar o mundo conhecido. Em 343 foi convidado pelo Rei Felipe para a capital do Império da Macedônia, em Pela, afim de tornar-se preceptor do Príncipe Alexandre, então jovem de 14 anos. Compôs manuais para seu aluno sobre Monarquia e a Colonização, e, a julgar pela carreira de Alexandre, ao menos nessa parte do seu ensino parece ter exercido um efeito considerável. Ali ficou por três anos, até a famosa expedição asiática, conseguindo um êxito na sua missão educativo-politica, que Platão não conseguiu. E assim Sócrates ensinou Platão, Platão a Aristóteles e Aristóteles a Alexandre, o Grande, da Macedônia. 
 
“É possível falhar de muitas formas... enquanto ter sucesso só é possível de uma forma”
 
“As bases de um estado democrático é a liberdade”
 
“Fazemos guerra para que possamos viver em paz”
 
Alexandre nunca esqueceu seu mestre que deu uma vultosa dotação para a criação da futura escola de Aristóteles. De volta a Atenas, em 335, treze anos após a morte de Platão, Aristóteles fundava, em um ginásio, a nordeste das muralhas da cidade, perto do templo de Apolo Licio, a sua escola. Daí o nome Liceu dado a sua escola, também chamada peripatetica devido ao costume de dar lições passeando nos caminhos do ginásio de Apolo. Esta escola seria grande rival e a verdadeira herdeira da velha e gloriosa escola platônica.
 
“Todos os trabalhos pagos absorvem e degradam a mente”
 
Aristóteles deu ênfase à necessidade de organizar coleções de pesquisa que incluíam manuscritos, mapas e espécimes zoológicos. Alexandre cooperou nesse sentido ordenando por seu império a todos os pescadores e caçadores mandassem para o Liceu quaisquer espécime raro capturado. A escola existiu até século II d.C. 
 
“O prazer pelo serviço coloca perfeição no trabalho”
 
Durante 13 anos Aristóteles permaneceu dirigindo o Liceu. Morto Alexandre em 323, desfez-se politicamente o seu grande Império e despertaram-se em Atenas o desejo antimacedonico de independência, estourando uma reação nacional, chefiada por Demóstenes. 
 
“O único estado estável é aquele em que todos os homens são iguais diante da lei”
 
“A lei é a ordem; a boa lei é a boa ordem”
 
“É na justiça que a ordem da sociedade está centrada”
 
Aristóteles, malvisto pelos atenienses, foi acusado de Ateísmo. Referindo-se a morte de Sócrates, Aristóteles disse a seus seguidores atenienses que estava deixando Atenas para que eles “pudessem não pecar contra a Filosofia duas vezes”. 
 
“A desgraça mostra os amigos que NÃO são verdadeiros”
 
Deixando Teofrasto na direção do Liceu, retirou-se voluntariamente para Cálcis (Cidade natal materna), falecendo um ano depois por enfermidade com pouco mais de 60 anos. Em seu Testamento continham clausulas generosas para seus parentes e até mesmo para os escravos de sua casa, e nas palavras de um biografo “proporciona a mais clara evidencia de uma natureza grata e afetuosa”
 
 
Aristóteles e as Mulheres
 
O filosofo grego acreditava que as mulheres eram criaturas que possuem defeitos inerentes, baseando-se, em parte, nas equivocadas observações de que as fêmeas possuem o sangue mais frio, menos dentes e vida mais breve que os homens (Em sua época a mortalidade entre as mulheres era maior que entre os homens). Para ele as mulheres estavam classificadas como uma espécie inferior aos homens, logo acima a dos animais domésticos. A Maioria dos historiadores ignora as opiniões de Aristoteles sobre as mulheres, em respeito a tudo que ele nos ensinou. 
 
Aos 30 anos casou-se com Pitias, de 18 anos, filha adotiva de seu mentor Hérmias, senhor de Axo na ilha de Lesbos. Segundo Aristóteles essas eram as idades ideais para o casamento. O registro histórico da época menciona que tiveram um casamento feliz. Claro que o registro histórico era feito por homens.
 
Pítias morreu jovem deixando Aristóteles sozinho para criar a filha deles, também chamada Pítias. Casou-se em seguida com uma mulher chamada Hérpiles de Estagira. Ela lhe deu um filho chamado Nicômaco. Mas pouco se sabe sobre a relação do casal. Pouco antes de morrer Aristóteles pediu para ser enterrado ao lado de sua primeira esposa. Em seu testamento ele deixou instruções que se Hérpiles desejasse se casar novamente os executores do testamento deveriam encontrar um marido digno para ela.
 
 
Obras
 
- Logica: Organon, Da interpretação, Refutações sofisticas, Primeiros analíticos
- Ciências Naturais: Physis
- Psicologia: Da Alma
- Biologia: Investigação sore os animais
- Ética: Ética a Êudemio e Ética a Nicômaco.
- Politica: Politica
- Crítica Literária: 3 Livros sobre Retórica e um livro sobre Poética.
- Metafisica: Numerosos ensaios filosóficos iniciados e revistos por Aristóteles em vários estágios de sua carreira foram coligidos e publicados na Antiguidade (embora não por Aristóteles) sob o título Meta-Physis. A expressão significa “obra depois da física”, numa referência a ordem em que fora guardado por Aristóteles, depois do seu livro Physis. Foi o conteúdo dos ensaios que deu origem ao significado que damos a palavra Metafisica, e não o contrário. A palavra em si nunca foi usada por Aristóteles, ele chamava esse conteúdo de “Primeira Filosofia”. Por sua ampla influencia, especialmente no pensamento medieval, a Metafisica pode fundadas pretensões a ser o mais importante tratado filosófico da antiguidade.
 
 
Politica
 
“Devem governar aqueles que são capazes de governar melhor”
 
 
“O homem é por natureza um animal Político”
 
Percepção e Conhecimento
 
“Se nada percebêssemos, não poderíamos aprender ou entender nada”
 
Aristóteles afirma a crença de que a percepção pelos sentidos é a base do conhecimento. Em contradição com seu mestre, Platão, que não confiava nos sentidos por serem fonte de ilusão e negava que a percepção gerasse qualquer conhecimento verdadeiro. Aristóteles acreditava que uma criatura sensitiva deve perceber as peculiaridades acerca dos objetos reais e é portanto capaz de distinguir os aspectos do mundo. Mas acreditava que somente com ajuda do espirito o no analise das percepções o conhecimento é adquirido.
 
“Os sentidos sem pensamentos são cegos” (Immanuel Kant)
 
Aquilo que percebemos deve ser guardado na memória para comparações com percepções futuras. Com base em uma maça de memória similares, adquirimos experiência em situações perceptivas e somos capazes de fazer generalizações e predições. 
 
“A natureza não faz nada em vão”
 
Ele próprio fundo a zoologia com base na percepção, observação e classificação de espécimes individuais utilizando-se das similaridades e generalização. Em tudo ele adotou uma abordagem empírica do conhecimento.
 
“Uma andorinha não faz verão”
 
 
“Em todas as coisas da natureza há algo de maravilhoso”
 
 
“Lineu e Cuvier tem sido meus dois deuses, embora de maneira bem diferentes, mas são meros alunos diante do velho Aristóteles” (Charles Darwin)
 
 
Metafísica Aristotélica
 
“É a ciência do ser como ser, ou dos princípios e das causas do ser e dos atributos essenciais”
 
Aristóteles explica como a filosofia surgiu da curiosidade em relação ao mundo. Os mitos surgiram por causa do primeiro espanto da raça humana, e assim “o apaixonado por mitos é uma espécie de filosofo”. Mas os primeiros filósofos foram além do estágio mitológico do pensamento em sua busca de uma explicação inteiramente racional da origem das coisas. Para ele a Filosofia é a busca do conhecimento das Causas. Subdividindo 4 tipos de causas:
 
- Causa Material 
- Causa Eficiente 
- Causa Formal 
- Causa Final 
 
“Toda ação deve-se a uma ou outra das sete causas:
acaso, natureza, compulsão, hábito, raciocínio, ira ou apetite”
 
Sua Causa Material de um objeto afirmar de que material ele é constituído. (O que? - Do que? – De que?)
Sua Causa Eficiente são os meios imediatos pelos quais o objeto veio a existir. (Quem? e Como?)
Sua Causa Formal aborda o padrão ou forma do objeto em questão. (Qual?)
Sua Causa Final é o proposito ou meta para o qual o objeto passou a existir. (Porque? E Para que?)
 
 
Uma estátua por exemplo:
 
Feita de Mármore (Causa Material)
Esculpida por um Escultor (Causa Eficiente)
Tem a forma de um Atleta (Causa Formal)
Erguida para homenagear um Campeão Olímpico (Causa Final)
 
Para Aristóteles constitui uma análise completa sobre um objeto. Ele afirmava que os Filósofos de Mileto foram muito limitados por que só procuravam os componentes que formaram o mundo, Ar, Agua, Terra ou Fogo (Causa Material). Os pitagóricos erraram por colocar toda ênfase nos números e nas proporções (Causa Formal). Anaxágoras foi o primeiro a introduzir o Espirito cósmico, o Nous, como Causa Eficiente do mundo. Para ele Platão só usou Causas Formais e Materiais para explicar o mundo, pois não Explica quem o Criou (Causa Eficiente) e para qual Finalidade (Causa Final).
 
“Todos os seres humanos tem um desejo natural de conhecer”
 
A Conceituação do mundo por Aristóteles reduz fundamentalmente a quatro questões gerais: Potência e Ato, Matéria e Forma, Particular e Universal, Movido e Motor. 
 
Potência e Ato: Uma “potencialidade” é a capacidade de um objeto passar de um estado para outro; um homem adormecido é potencialmente u homem acordado; um bloco de mármore é potencialmente uma estátua. A potencialidade é um conceito necessário para explicar a ocorrência da mudança, mas a mudança não pode ser explicada por si mesma.
 
“A pobreza é pai da revolução e do crime”
 
A potência significa possibilidade, capacidade de ser, do não-ser atual; o ato significa a realidade, perfeição. Ser efetivo. Um ser desenvolve-se, aperfeiçoa-se, passando da potência ao ato; é atualização de uma possibilidade, de uma potencialidade anterior. Para Aristóteles o adulto é filosoficamente anterior ao embrião, pois, ser adulto é o potencial pré-concebido ao atual embrião. Para ele definitivamente a Galinha veio antes do ovo.
 
“A Esperança é um Sonho a Caminho”
 
Aristóteles não nega o Vir-a-ser de Heráclito, nem o ser de Parmênides, mais une-os em uma síntese conclusiva. Segundo Aristóteles, a mudança, que é intuitiva, pressupõe uma realidade imutável, que é de duas espécies. Um substrato comum, elemento imutável da mudança, em que a mudança se realiza; e as determinações que se realiza neste substrato, a essência, a natureza que ele assume.
 
Matéria e Forma: Elas foram anteriormente explicada nas Causas Material e Causa Formal. É a relação a substância que forma algo e a forma que esse algo possui. Representa a potência e o ato no mundo, na natureza em que vivemos. A Matéria é o Ato, a Forma que ela possui é uma das potencialidades levadas a cabo pela Causa Eficiente.
 
Dessa relação entre a potência e o ato, entre a matéria e a forma, surge o movimento, a mudança, o vir-a-ser, a que é submetido tudo que tem material e potencial. A mudança é portanto, a realização do possível. Essa mudança é promovida pela Causa Eficiente.
 
Mesmo que um ser se mova a si mesmo, aquilo que move deve ser diverso daquilo que é movido, deve ser composto de um motor e de uma coisa movida. Por exemplo, a Alma é que move o corpo. O motor é a causa eficiente que da forma a Matéria, transforma em Ato o Potencial. 
 
 
Alma
 
“O mal atrai os homens”
 
“A natureza do desejo não é para ser satisfeita, e a maioria dos homens vive em função disso”
 
Para Aristóteles a Alma possuía três divisões.
 
- Alma Vegetativa
- Alma Sensitiva
- Alma Racional
 
As plantas possuem somente a alma vegetativa; os animais a vegetativa e sensitiva; os seres humanos a vegetativa, a sensitiva e a racional. A Alma Vegetativa é a que regula as funções biológicas: Nutrição e Reprodução. A Alma Sensitiva da aos seres sensações, apetites e movimentos. As Sensações a que se refere são os Sentidos (Tato, olfato, Visão, Audição e Paladar); os Apetites são os Prazeres e Dores ligados ao fato de terem sensações; e o Movimento é o fato do ser se pôr em busca de saciar seus Apetites. 
 
A Alma Racional é a responsável pela assimilação das formas inteligíveis, é o poder de percepção das formas puras, de analisar a essência das coisas. Além disso nem a Alma Vegetativa, nem a Sensitiva, sobrevivem à Vida, porém, a Alma Racional é Imortal, e sobrevivendo livre do corpo biológico e dos sentidos do mesmo. Outro fato interessante é que para Aristóteles a Causa Final do homem, ou seja sua finalidade, é alcançar a Felicidade.
 
“A felicidade depende de nós mesmos”
 
 
Segundo Aristóteles:
 
- O Princípio deve ser deve ser Eterno: se o movimento é eterno, eterno deve ser sua causa.
 
- O Princípio deve ser Imóvel: com efeito somente algo imóvel pode ser a causa absoluta de todo movimento, pois tudo que se move é movido por algo e, se o Principio se movesse teria que existira algo anterior a este para ser o responsável por seu movimento.
 
- O Princípio deve ser privado de qualquer potencialidade, pois é Ato Puro, é Perfeito: Se o Princípio não se move ele é desprovido de qualquer mudança. Para haver potencialidade deve haver mudança, e mudança movimento. Sendo imóvel não possui potencial para se tornar algo que não já seja. Ou seja, ele é perfeito como é. Ato sem potência.
 
Eis a grande doutrina Aristotélica do Motor e da Coisa Movida, doutrina que culmina no Motor Primeiro, de São Tomas de Aquino, ser absolutamente imóvel, ato puro isto é, Deus, a Causa Eficiente de TODAS as coisas.
 
“Assim chamamos Deus, um ser vivo eterno e perfeito; a vida e a duração continua e eterna fazem parte, pois, de Deus, Por que é isso mesmo que ele é”
 
“Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus.” 
 
 
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